Processo no STF vira ‘todos contra Mauro Cid’ e plano de delator pode naufragar
O tenente-coronel Mauro Cid, delator no processo por tentativa de golpe, trocou o risco de passar alguns anos na cadeia por uma um acordo de colaboração com direito a pena reduzida. A estratégia de defesa lhe tirou da cadeia e o colocou com status de testemunha de acusação contra o ex-presidente Jair Bolsonaro de quem Cid fora ajudante de ordens. O plano está prestes a naufragar.

Passada a fase de inquirição dos réus, a ação penal parece ter virado um “todos contra Mauro Cid”. Afinal, foi ele quem indicou o caminho para os investigadores chegarem ao general Braga Netto, ex-ministro da Defesa, e ao próprio Bolsonaro. Por isso, não é por mágica que começam a surgir notícias sobre a conduta passada do tenente-coronel. Quando estava acossado e em processo de delação, enviou audios e mensagens ainda como um aliado bolsonarista apontando o dedo para a PF e questionando o Supremo.
As inconfidências de Mauro Cid viraram notícia com timing calculado pela defesa de Bolsonaro. Partiu dos advogados do ex-presidente divulgar a história de um perfil falso que supostamente teria sido usado pelo militar. O que Cid falou e escreveu, por óbvio, virou imediatamente um pedido para anulação da delação e tudo que dela derivar.
O STF já indicou que quando o delator viola as regras do acordo só quem perde é o próprio delator. As provas, indícios de provas e dicas sobre crimes cometidos ficam preservados. Já o sujeito perde as regalias e vai para o banco dos réus como os demais investigados. Ou seja, adeus pena reduzida e outros eventuais benefícios negociados.
Mauro Cid, que já tinha a inafastável marca na testa de ter sido o garoto de recados de Bolsonaro quando este era presidente, pode perder também o direito de seguir na carreira militar. O desejo de um dia chegar a general, esse ele já pode ter percebido que não virá. A volta à caserna depois que a tormenta do processo penal terminar pode estar com seus dias contados. Seja quem for o eleito em 2026, dificilmente o oficial terá a proteção vinda do Palácio do Planalto ou dos colegas de caserna.