15 de agosto de 2025
Politica

Com líderes de Irã, Rússia e China no Rio para os Brics, o risco é o Brasil se meter onde não deve

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A Cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro, dias 6 e 7 de julho, será um enorme desafio para o Itamaraty, ao reunir Irã, China e Rússia nesses tempos preocupantes em que os Estados Unidos aderiram aos ataques de Israel a usinas iranianas de enriquecimento de urânio. No início da noite desta segunda-feira, 23, Donald Trump anunciou um cessar-fogo em seis horas. O governo Lula, porém, mantém o risco de, nos Brics, assumir um lado numa disputa que extrapola o Oriente Médio e divide as potências.

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva vai receber líderes dos Brics no Rio de Janeiro em julho
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva vai receber líderes dos Brics no Rio de Janeiro em julho

Os Brics foram criados por Brasil, Rússia, Índia e China como resistência a um “mundo unipolar”, ou seja, à hegemonia norte-americana. A eles se uniram a África do Sul e, em janeiro de 2024, mais cinco países, inclusive o Irã. A reunião do Rio nada tem oficialmente com o atual conflito, mas o Irã estará entre parceiros que se opõem aos ataques de EUA e Israel.

Putin declarou que a Rússia está pronta para “ajudar” o Irã e recebia o chanceler iraniano em Moscou, antes de Trump anunciar o cessar-fogo feito e enquanto os bombardeios continuavam dos dois lados. Neste ambiente, segundo experientes diplomatas brasileiros, o papel da China se torna ainda mais relevante.

Se a Rússia deu um passo além, a China ficou na retórica, ao acusar o ataque americano ao Irã de “violar gravemente os propósitos e princípios da Carta da ONU” e pedir cessar-fogo “imediato e incondicional”. Em nota, o Brasil foi na mesma linha, condenando “com veemência” as ações de Israel e EUA como “violação da soberania do Irã e do direito internacional” e alertando para o “grave risco de contaminação radioativa e desastres ambientais de larga escala”.

Em entrevistas, o assessor internacional de Lula, ex-chanceler Celso Amorim, admitiu o risco de “alastramento” do conflito e até de uma nova guerra mundial, condenando o enfraquecimento dos organismos internacionais e do próprio Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).

Com Amorim chanceler, nos primeiros governos Lula, o Brasil mediou um acordo com a Turquia para um programa nuclear do Irã para fins pacíficos. EUA e França derrubaram, mas depois aprovaram na ONU uma proposta não muito diferente. Brasil, Lula e Amorim já não têm estatura diplomática para mediar um acordo dessa envergadura e o Brasil, inclusive, está sem embaixador em Israel desde o início de 2024.

Como anfitrião, cabe ao Brasil manter a pauta original dos Brics e manter a defesa de décadas ao multilateralismo e à renovação da ONU, mas sem sinalizar uma aproximação ainda maior com Irã, Rússia e China, contra EUA e Israel. Não teria nada a ganhar e poderia perder um bocado.

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