30 de junho de 2025
Politica

Corinthians-Vai de Bet: Augusto Melo desviou dinheiro para quitar dívidas com crime, diz inquérito

A Polícia Civil de São Paulo concluiu que o presidente afastado do CorinthiansAugusto Melo, desviou recursos do contrato de patrocínio com a empresa de apostas Vai de Bet para pagar dívidas de suas campanhas políticas com o crime organizado em 2020 e 2023 e chegar ao topo do clube.

Segundo os investigadores, o dinheiro desviado foi parar na conta da agência de representação esportiva UJ Football Talent, de Danilo Lima de Oliveira, conhecido como “Tripa”, suspeito de envolvimento com o Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Está muito claro, pelo exposto, os caminhos tortuosos e ilegais que o dinheiro percorreu a partir do momento em que saiu dos cofres corintianos. Até chegar na UJ Football, passou por empresas manifestamente fantasmas e, tudo indica, recebedoras ‘em trânsito’ de valores escusos provenientes do crime organizado e de outras estruturas delitivas”, aponta a Polícia Civil no relatório final da investigação.

A investigação crava que a UJ Football se envolveu “nas engrenagens da campanha eleitoral” que levou Augusto Melo ao poder no Timão. A agência foi citada pelo empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach, o delator do PCC, executado a tiros de fuzil no aeroporto de Guarulhos em novembro de 2024.

De acordo com a Polícia Civil, a UJ Football foi o “elo funcional e operacional entre o financiamento da campanha de Augusto Melo (ainda que parcial) e interesses paralelos, de natureza espúria”.

“A consequência lógica é que os valores que saíram dos cofres do Corinthians chegaram à UJ Football porque assim havia sido previamente ajustado, em um ‘pacto’ de financiamento, recompensa e silêncio. E foi esse conluio – entre interesses políticos, empresariais e criminosos – que sustentou a engrenagem clandestina”, aponta a investigação.

“Note-se que a triangulação arrecadação de campanha – UJ Football – agentes com acesso aparentemente facilitado dentro da estrutura do clube evidencia um modus operandi típico de esquemas de corrupção estrutural, onde a ‘máquina administrativa’ é utilizada para o pagamento de ‘dívidas políticas’ contraídas durante eventual processo eleitoral”, conclui a Polícia Civil.

O presidente afastado do Corinthians foi indiciado por furto qualificado e lavagem de dinheiro.

Augusto Melo está afastado da presidência do Corinthians.
Augusto Melo está afastado da presidência do Corinthians.

O relatório final do inquérito tem 272 páginas e é subscrito pelo delegado Tiago Fernando Correia, do Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania – braço da Polícia Civil paulista que investiga crimes contra a administração, combate à corrupção e lavagem de dinheiro.

O documento menciona uma denúncia anônima recebida pela Polícia Civil no curso da investigação. De acordo com o relator, as doações foram tratadas como dívidas e um agiota da zona leste estaria no encalço de Augusto Melo, ameaçando matá-lo caso não pagasse o débito.

Entre os doadores, estariam empresários de jogadores e o influenciador Bruno Alexssander Souza Silva, conhecido como “Buzeira”, investigado por suspeita de ligação com o traficante “Neymar do PCC” e pela exploração de jogos de azar. O influencer recebeu vultuosas transferências da empresa Victory Trading dias depois da companhia enviar dinheiro à UJ Football.

Em depoimento, o ex-diretor de futebol do Corinthians Rubens Gomes, um dos principais articuladores da campanha de Augusto Melo, confirmou que agências de jogadores fizeram doações relevantes à candidatura.

Segundo o depoimento, o ex-diretor administrativo do Corinthians Marcelo Mariano, o ex-superintendente de novos negócios do clube Marcos Boccatto e Marcelo Eduardo Rodrigues Sales, o “Ninja”, ex-chefe de gabinete da presidência do time, teriam sido os responsáveis pela arrecadação de recursos financeiros para a campanha.

COM A PALAVRA, A DEFESA DE AUGUSTO MELO

A defesa do presidente do Sport Club Corinthians Paulista, Augusto Melo, vem a público negar de forma veemente qualquer envolvimento do seu constituinte com organização criminosa, como tem sido veiculado de forma irresponsável por alguns setores da imprensa.

Ressaltamos que não há, até o momento, qualquer elemento concreto que vincule o presidente Augusto Melo a qualquer organização criminosa. A investigação em curso refere-se exclusivamente a um contrato específico com a empresa Vai de Bet, sem que haja qualquer indício que o relacione a práticas ilícitas.

As informações divulgadas a partir de supostos vazamentos carecem de rigor técnico e jurídico, uma vez que o que se observa nos autos é, em grande parte, a repetição de matérias jornalísticas já publicadas — o chamado repique — que, por si só, não têm valor probatório nem relevância penal.

Dessa forma, causa estranheza a tentativa de alimentar narrativas sensacionalistas, sem qualquer fato novo ou fundamento legal que justifique a exposição midiática difamatória. O presidente Augusto Melo permanece à disposição da Justiça para colaborar com qualquer esclarecimento necessário, reafirmando seu compromisso com a ética, a legalidade e a transparência no exercício de suas funções. 

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA ÁTILA MACHADO, QUE DEFENDE MARCELO MARIANO

No que tange ao sr. Marcelo Mariano, a conclusão alcançada pela autoridade policial não reflete a verdade quando confrontada com as provas dos autos.

Isso porque, restou sobejamente provado que o sr. Marcelo nunca teve qualquer benefício econômico envolvendo o contrato da empresa Vai de Bet e, muito menos, se associou com quem quer que seja para cometimento de crimes.

Pelo contrário, no curso da investigação restou comprovada a absoluta legalidade e licitude de todos os atos praticados pelo sr. Marcelo Mariano.

 

 

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