30 de junho de 2025
Politica

Aumento de vagas na Câmara deixaria deputados com R$ 1,26 milhão a menos em emendas em 2025

BRASÍLIA – Se a ampliação de 18 parlamentares na Câmara dos Deputados já estivesse valendo em 2025, congressistas teriam R$ 1,26 milhão a menos em emendas para poder enviar aos municípios. O aumento do número de vagas da casa legislativa passará de 513 para 531 integrantes apenas em 2027.

A atual regra estipula que 2% da receita corrente líquida do Orçamento da União devem ser destinados às emendas parlamentares de deputados e senadores. Por se tratar de um porcentual fixo, isso significa que o repasse precisa ser distribuído entre os membros da Casa Baixa.

Valor fixo obriga redistribuição das emendas entre deputados após aumento de parlamentares aprovado pelo Congresso.
Valor fixo obriga redistribuição das emendas entre deputados após aumento de parlamentares aprovado pelo Congresso.

Neste ano, deputados têm direito a cerca de R$ 37 milhões em emendas para destinar a cidades de suas preferências. Se a regra valesse em 2025, esse valor seria de aproximadamente R$ 36 milhões.

Na quarta-feira, 25, o Congresso Nacional aprovou o aumento de 18 deputados na Câmara. Se sancionada, a regra já valerá para a eleição de 2026.

No Senado, foram 41 votos favoráveis – o mínimo necessário – e 33 contra, com alterações no texto. A Câmara referendou as modificações por 361 votos, contra 36 contrários e 30 abstenções.

O prazo dado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que o Congresso estabelecesse uma nova distribuição de cadeiras com base no Censo de 2022 terminaria no dia 30 de junho. O relator do texto no Senado, Marcelo Castro (MDB-PI), acatou uma emenda para proibir que a alteração eleve gastos públicos.

Castro disse que a distribuição de cadeiras não é debatida há quase 40 anos e que uma simples redistribuição prejudicaria regiões mais pobres. Para o relator no Senado, o projeto está “isento de qualquer impacto orçamentário e financeiro”.

“Sete Estados do Brasil perderiam representação. Cinco desses Estados são do Nordeste. Por que? Porque é a região mais pobre do Brasil. Pessoas sem oportunidade de emprego vão para outros lugares”, declarou.

O senador Eduardo Girão (Novo-CE), contrário à mudança, afirmou que o Supremo Tribunal Federal determinou apenas a revisão da distribuição do número de cadeiras, não o aumento de vagas.

Um levantamento do Estadão/Broadcast mostrou que, por causa do efeito cascata, o projeto abre margem para criação de 30 novas vagas de deputados estaduais, que podem custar mais de R$ 76 milhões por ano para os Estados – somado ao gasto extra de R$ 64,8 milhões da Câmara, o impacto total da proposta ultrapassa os R$ 140 milhões anuais.

O levantamento considerou portais de transparência de cada Legislativo estadual para calcular o custo de um deputado, levando em conta salário, cota parlamentar, auxílios e verba destinada ao pagamento de salários para os assessores do gabinete. A conta pode ser ainda mais cara: como as novas cadeiras valeriam apenas a partir da eleição de 2026, os salários e benefícios podem ser reajustados até lá.

 

 

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