30 de junho de 2025
Cultura

Encontro de Filarmônicas no 2 de Julho celebra a independência do Brasil na Bahia

Texto: Divulgação

Foto: Bruno Concha | Secom PMS

Todos os anos, o sol nasce diferente na Bahia no dia 2 de julho. Nossa data magna, símbolo da independência do Brasil na Bahia, evoca o espírito de luta e resistência do povo baiano. E é sob esse céu simbólico que acontece o XXXIV Encontro de Filarmônicas no 2 de Julho, uma celebração da música e da cultura que reúne filarmônicas de diversas partes do estado no coração de Salvador.

Em 2025, o encontro acontece logo após o tradicional cortejo e a cerimônia do Fogo Simbólico, no Campo Grande, a partir das 17h30, com acesso gratuito ao público. O evento reafirma a força da música instrumental no cenário cultural baiano e brasileiro, promovendo o intercâmbio entre músicos de diferentes regiões e fortalecendo os vínculos entre tradição, território e identidade.

A cada edição, a curadoria do evento valoriza a diversidade das formações participantes, revelando a riqueza e a vitalidade das filarmônicas da Bahia. Este ano, como atração especial, o Encontro contará com a participação da cantora Laurinha Arantes, uma das criadoras da Axé Music, que interpretará canções com arranjos inéditos para voz e banda filarmônica, ao lado da Oficina de Frevos e Dobrados.

O XXXIV Encontro de Filarmônicas no 2 de Julho tem patrocínio da Fundação Gregório de Mattos e da Prefeitura Municipal do Salvador, através da Secretaria da Cultura e Turismo. A direção geral é de Fred Dantas.

Saiba mais sobre as bandas e filarmônicas que irão participar:

Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Salvador

Foto: Divulgação

Criada em 2008, a Banda de Música da Guarda Civil Municipal de Salvador é um dos braços culturais da segurança pública da capital baiana. Composta por 18 músicos concursados e regida pelo maestro Hamilton Fernando, a banda atua diretamente na promoção da cidadania e da cultura por meio da música.

Integrada à Coordenação de Ações de Prevenção à Violência da Guarda Municipal, a iniciativa nasceu com o objetivo de democratizar o acesso à música nas comunidades, reforçando o conceito de uma “guarda cidadã”. As apresentações da banda têm forte viés social, contribuindo para o resgate dos laços comunitários e o fortalecimento do sentimento de pertencimento e valorização da vida em sociedade.

O repertório é amplo e dialoga com o público ao incluir releituras de diversos gêneros da música brasileira, além da participação em eventos cívicos e cerimônias oficiais da cidade. Mais do que entretenimento, a Banda de Música da Guarda Civil é uma ferramenta de transformação social e valorização da cultura local.

Banda Filarmônica da Universidade Federal da Bahia

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Sob a regência dos professores Joel Barbosa, Celso Benedito e Antônio Carlos Portela, a Banda Filarmônica da Universidade Federal da Bahia (UFBA) é um dos mais expressivos núcleos de preservação e inovação da música de concerto no estado. Fundada em 2009 por Barbosa e Benedito, a formação dá continuidade à tradição iniciada pela antiga Banda Sinfônica da UFBA, criada e conduzida por décadas pelo professor Host Schwebel.

Ao longo de seus 16 anos de trajetória, a Filarmônica da UFBA tem reunido instrumentistas oriundos de mais de 30 filarmônicas baianas, além de músicos de pelo menos dez estados brasileiros, atraídos à Bahia pela excelência da Escola de Música da UFBA. O grupo se destaca por um repertório que equilibra obras universais adaptadas ao formato de banda, peças essenciais para a formação de qualquer músico, com a valorização da produção tradicional das filarmônicas baianas e a abertura a composições inéditas contemporâneas.

A Filarmônica reafirma, assim, seu papel como espaço vivo de formação, memória e experimentação musical.

Sociedade Filarmônica 13 de Junho de Paratinga

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Fundada em 1902, em pleno alvorecer da República, a Sociedade Filarmônica 13 de Junho de Paratinga é uma das mais tradicionais do interior baiano. Criada com o apoio dos líderes políticos da época, os chamados coronéis, a filarmônica tornou-se símbolo de prestígio e identidade cultural na região do Médio São Francisco.

Sob a regência do mestre Célio Borges Santos, a 13 de Junho atravessou o século XX como referência musical e, hoje, reafirma sua relevância social e cultural ao incorporar em seu trabalho influências das comunidades indígenas e quilombolas locais. A instituição mantém viva a memória musical da cidade com um vasto acervo de partituras e atua como espaço de formação e inclusão, acolhendo atualmente 75 alunos em suas escolinhas de música e contando com 49 músicos em atividade.

Reconhecida como Ponto de Cultura do Estado da Bahia, a Filarmônica 13 de Junho segue firme em seu compromisso com a cultura, a educação e a valorização das expressões populares do sertão baiano.

Filarmônica Euterpe Lapense

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Sob a regência do mestre Gilberto Júnior, a Filarmônica Euterpe Lapense é um verdadeiro patrimônio cultural do sudoeste baiano. Fundada em 1918, às margens do Rio São Francisco, em Bom Jesus da Lapa — cidade marcada por forte devoção religiosa —, a filarmônica tem presença garantida em eventos religiosos e culturais da região há mais de um século.

Mais que preservar a tradição, a Euterpe Lapense atua como agente de transformação social, oferecendo formação musical gratuita para crianças, jovens e adultos da comunidade. O projeto já conta com 35 alunos na escolinha de música, prontos para formar uma segunda banda, que poderá atuar de forma independente ou em conjunto com a principal.

Em uma região onde poucas corporações musicais seguem ativas, a Filarmônica Euterpe Lapense se destaca como símbolo de resistência cultural e inclusão, reafirmando o poder transformador da música.

Filarmônica 5 de Março de Muritiba

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Com 128 anos de existência, a Associação Educacional e Musical 5 de Março, da cidade de Muritiba, é um dos mais importantes patrimônios musicais da Bahia. Guardiã de um riquíssimo arquivo musical e de uma história marcada pela excelência e compromisso com a cultura popular, a Filarmônica segue viva sob a maestria de Ivonete Reis — referência no Recôncavo baiano —, a presidência de Alfeu Fraga e a direção artística de Rudney Machado.

A banda mantém atualmente 30 músicos em atividade e uma escolinha de música que acolhe 25 jovens, garantindo a renovação de saberes e a permanência dessa tradição centenária. O repertório da 5 de Março, desde os tempos do lendário Maestro Vado, transita entre o clássico e o popular, refletindo a pluralidade da música brasileira.

Presença constante em eventos de grande relevância, como o Cortejo do 2 de Julho em Salvador, o Encontro de Filarmônicas em São Félix, o Recôncavo Afro Festival em Santo Amaro e as tradicionais procissões religiosas do interior, a Filarmônica 5 de Março reafirma, a cada apresentação, a potência da cultura popular e o valor simbólico das bandas filarmônicas na história do Brasil.

Oficina de Frevos e Dobrados

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Sob a batuta do maestro Fred Dantas, a Oficina de Frevos e Dobrados é há mais de quatro décadas um dos pilares da cena instrumental baiana. Fundada em novembro de 1982, com os primeiros ensaios realizados na casa do maestro Vivaldo Conceição, o grupo nasceu para interpretar obras de João Sacramento Neto — entre elas, o célebre dobrado Os Músicos. Com o tempo, a Oficina consolidou-se como um coletivo de pesquisa e criação, primeiro na Escola de Música da UFBA e, depois, em sede própria.

Reconhecida por sua ousadia estética, a Oficina foi pioneira ao executar dobrados atonais e em compassos irregulares, expandindo as fronteiras do repertório tradicional das filarmônicas. Também foi berço dos primeiros arranjos da música Axé, que marcaria a identidade sonora da Bahia nos anos 1980 e 1990.

O grupo já dividiu palcos e gravações com nomes como Dorival Caymmi, Paulo Moura, Moraes Moreira, Daniela Mercury, Gerônimo, Armandinho e Margareth Menezes. Em 2025, apresenta pela primeira vez o Bolero Estevam Dantas, de Almiro Adeodato Oliveira, com solo de Fred Dantas. Como de costume, a banda será anfitriã da atração convidada no 2 de Julho: a jovem cantora Laurinha Arantes.

Foto: Divulgação

Pioneira do axé e ícone da música baiana, Laurinha Arantes é figura fundamental na construção sonora e simbólica do Carnaval de Salvador. Primeira mulher a puxar um bloco na folia baiana, ela estreou nos vocais da banda que daria origem ao Cheiro de Amor, em 1983, abrindo caminhos para muitas outras artistas. Dona do clássico “Pipoca Louca” e vencedora do Troféu Caymmi, Laurinha também marcou presença na televisão e levou sua música vibrante à Europa nos anos 1990.

Hoje, à frente do projeto MemoriAxé, dedica-se a preservar as raízes da música baiana, reverenciando ritmos como ijexá, samba-reggae e frevo, e homenageando os nomes que fizeram a história do axé. Em sintonia com os 40 anos do movimento, Laurinha participa pela primeira vez do XXXIV Encontro de Filarmônicas, interpretando sucessos acompanhada apenas por instrumentos de sopro e percussão, em uma celebração à riqueza melódica das bandas do interior da Bahia.

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