Lula ganha rara semana de trégua com Brasília esvaziada pelo ‘Gilmarpalloza’
O repórter Hugo Henud não é um novato quando se trata de atos públicos convocados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e seus próximos. Assistiu a três deles na Avenida Paulista e dois em Copacabana, no Rio de Janeiro. Até o deste domingo, nunca tinha visto tanto baixo astral no palanque e tão pouco público na rua. Aparentemente convencido de que não escapará da sentença de prisão que lhe será imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro só pensa numa saída estratégica que lhe permita conseguir o impeachment dos ministros que, muito provavelmente, irão condená-lo.
Quer que o PL e seus aliados trabalhem para eleger uma maioria relevante da Câmara e do Senado. Em uma de suas frases do seu discurso, afirmou: “Não interessa onde eu esteja, aqui ou no além, quem estiver na liderança do Congresso vai mandar mais que o presidente da República”.
Difícil. A distopia nas instituições brasileiras já não permite que se saiba quem manda e quem obedece. Acordos não são cumpridos (um fato que seria um escândalo num passado não tão distante). Tampouco permite saber que tipo de alianças estão sendo costuradas, por quem e com qual objetivo. Bem, um deles é mais do que evidente e trata-se das emendas que irrigam currais eleitorais dos nobres deputados que, por elas, são capazes de matar ou morrer.
A semana passada foi um exemplo disto. O Congresso quer saber qual a proposta de cortes do governo para o ajuste fiscal. Este, por sua vez, quer que o Congresso onere com mais impostos os cidadãos. E assim foi o semestre, cada um puxando a corda para um lado. E, de quebra, com a participação do Supremo Tribunal Federal (STF) que julga e também legisla, como fez com o Marco Civil da Internet.
Mas tudo isso agora já é passado. O futuro é que nesta semana dificilmente propostas serão vistas pelo Congresso. É que a partir desta quarta e até sexta acontece a 13ª edição do Fórum Jurídico de Lisboa – organizado pelo ministro, decano do STF, Gilmar Mendes, apelidado de “Gilmarpalooza”, que reúne na capital de Portugal a nata da política brasileira, governadores, parlamentares, presidentes de partido. Sobrará quase ninguém para decidir algo por aqui.
Bom para Lula que poderá dar uma aliviada no stress. Aliás, um relaxamento que ele já começou neste domingo, deitado com Janja na relva do Palácio do Alvorada, contemplando os lindos ipês roxos e os passarinhos. Uma cena que Janja fez questão de mostrar em suas redes sociais. O amor é mesmo lindo, com ou sem ajuste fiscal.