4 de julho de 2025
Politica

Combustível que alimenta crise entre os Poderes tem IOF, golpe e investigações sigilosas no STF

De todos os combustíveis da crise instalada na relação entre os Três Poderes, o mais potente é a briga em torno das emendas parlamentares. Estão abertos hoje no Supremo Tribunal Federal (STF) ao menos 40 inquéritos para investigar desvio de dinheiro por esse mecanismo. As apurações chegam diretamente à porta dos congressistas.

Não é possível precisar a quantia exata de inquéritos, porque eles estão pulverizados pelos gabinetes do tribunal. Muitas apurações estão sob segredo de justiça. À medida que a tramitação avança, os julgamentos tomarão conta dos plenários das duas turmas do STF, com alta chance de condenação parlamentares acusados.

Sessão do plenário do Supremo Tribunal Federal
Sessão do plenário do Supremo Tribunal Federal

Na tentativa de evitar esse desfecho, o Congresso fez alguns movimentos. Um deles foi derrubar a decisão do governo Lula de aumentar o IOF. Enquanto a Advocacia-Geral da União (AGU) se preparava para contestar o caso no STF, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), sugeriu colocar o bolsonarista Nikolas Ferreira (PL-MG) na relatoria da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) sobre os desvios no INSS.

O movimento foi calculado. Nikolas divulgou informações falsas sobre as fraudes no INSS em um vídeo que obteve milhares de visualizações. Meses antes, também espalhou desinformação sobre medidas que o governo Lula planejava em relação ao Pix.

A crise institucional deve escalar níveis mais altos no próximo semestre. A partir de agosto, o STF poderá julgar a primeira ação penal sobre a trama golpista, com tendência de condenar Jair Bolsonaro. Diante da proximidade da conclusão do processo, voltou a se falar no Congresso Nacional em anistia para condenados por tentativa de golpe de Estado – uma afronta ao Supremo que abre outro flanco de crise.

Enquanto isso, para amenizar o clima, lideranças do Judiciário e do Legislativo cogitam a abertura de uma negociação em torno do IOF, para que a decisão tomada pelo Supremo não acirre ainda mais os ânimos em Brasília. Integrantes do governo Lula vêem a ideia com simpatia.

 

 

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