8 de julho de 2025
Politica

Governo e oposição terão duelos com ida de 6 ministros ao Congresso e ‘99% contra 1%’ como temática

BRASÍLIA – Governo e oposição terão uma semana intensa de duelo nas comissões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal com a previsão da ida de seis ministros, do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo e do diretor-geral da Polícia Federal Andrei Rodrigues para prestar esclarecimentos nas duas Casas do Congresso Nacional.

Os dois grupos estão interessados em fomentar o debate sobre a campanha do PT que diz que os mais ricos estão isolados porque 99% da população defende “justiça tributária” e apenas 1% é contra.

Ministro da Comunicação Social de Lula, Sidônio Palmeira está no centro da artilharia da oposição, que quer saber se o Planalto teve participação direta na campanha do 'nós contra eles' feita pelo PT.
Ministro da Comunicação Social de Lula, Sidônio Palmeira está no centro da artilharia da oposição, que quer saber se o Planalto teve participação direta na campanha do ‘nós contra eles’ feita pelo PT.

Essa campanha, que usou vídeos feitos por inteligência artificial na maioria dos casos, também diz que bilionários, bancos e bets (chamados de “BBB”) são privilegiados e que só essa parcela minoritária da população quer manter impostos não querem dividir a conta.

Governistas entendem que a campanha reacendeu a força da base e mostrou que o grupo encabeçado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda tem força de mover a pauta do Legislativo depois de ver o decreto que aumentou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) ser derrubado por deputados e senadores.

Do lado da oposição, composta majoritariamente por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, há o interesse em saber se algum órgão do Executivo participou de alguma fase da campanha publicitária.

O grupo já protocolou um pedido de informação e e requerimentos de convocação dos ministros Frederico de Siqueira Filho (Comunicação) e Sidônio Palmeira (Comunicação Social) para que prestem esclarecimentos sobre isso.

“A esquerda que se dizia vítima de fake news agora virou a maior produtora de mentira e ódio do Brasil. Atacam empresários, demonizam quem produz, jogam povo contra povo. Estão destruindo os pilares da convivência democrática e tentando transformar o Brasil em um campo de guerra ideológica”, afirmou Zucco (PL-RS), líder da oposição. ” Estamos reagindo com firmeza: exigimos explicações, responsabilização e o fim imediato desse aparelhamento criminoso da comunicação pública.”

Os dois já terão uma primeira chance desse confronto na quarta-feira, 9, quando Sidônio irá à Comissão de Comunicação da Câmara para prestar esclarecimentos sobre o envolvimento da Secretaria de Comunicação Social (Secom) numa rede anti-fake news, caso revelado pelo Estadão (veja a lista dos ministros que irão a comissões do Congresso mais abaixo).

Além dos “99% contra 1%”, bolsonaristas querem falar sobre o “gabinete da ousadia”, grupo revelado pelo Estadão em 2024, que reúne integrantes da Secom para definir assuntos e abordagens que os canais e perfis petistas devem usar para tentar “pautar as redes que o partido alcança”.

Pesquisa Quaest divulgada nesta sexta-feira, 4, mostra que essa campanha, com o mote “nós contra eles”, representa “vitória do governo nas redes”.

“O momento político representa uma virada no embate de narrativas e mobilização nas redes, e aponta para tendência distinta do primeiro semestre quando a aprovação do governo Lula vinha caindo”, destaca o relatório do levantamento.

Desde o dia 25 de junho, a campanha de boicote aos parlamentares ganhou tração e teve mais de 300 mil menções só com hashtag “InimigosDoPovo”. O volume de citações sobre o tema é de 4,4 milhões entre os dias 24 de junho e esta sexta-feira, o equivalente a 18 mil vezes por hora.

Na leitura de alguns deputados petistas, o momento é aproveitar o “bom momento” propiciado pela campanha e manter a toada. “Acredito que a gente chega num momento bom, mas sempre com um olho na missa, outro no padre”, diz o deputado federal Zé Neto (PT-BA), um dos vice-líderes do governo. “Essa semana a gente deu uma virada de chave, agora é reforçar as propostas do governo para a sociedade.”

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) receberá a ministra Simone Tebet (Planejamento) para falar sobre a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) na terça-feira.

O colegiado de Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, receberá Galípolo na quarta-feira – ele foi chamado para falar sobre a gestão do Banco Central e a aquisição do Banco Master pelo Banco BRB. Esther Dweck (Gestão e Inovação) falará sobre reforma administrativa no mesmo dia na Comissão Especial que trata sobre o tema também na Câmara.

É nessa Casa legislativa que o governo costuma ter mais problemas com a oposição na ida de ministros. Mais barulhentos que os colegas do Senado, bolsonaristas tendem a ter uma postura de mais enfrentamento e, algumas sessões costumam ser palco de brigas, de troca de ataques, de piadas e de provocações.

Na última quarta-feira, 2, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi alvo do mais recente caso em que arsenal da oposição mirou um chefe de alguma das pastas da Esplanada do Ministérios. O deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) disse que é “adestrada” e que usa a a mesma estratégica de retórica das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) e dos grupos terroristas palestino Hamas e libanês Hezbollah.

Em resposta, Marina disse que se sentiu “terrivelmente agredida” e que pediu “muita calma” em oração a Deus. “Depois do que aconteceu ali (no Senado), as pessoas iam achar muito normal fazer o que está acontecendo aqui num nível piorado”, afirmou Marina. “Fui terrivelmente agredida.”

Entre as idas previstas nessa semana, governistas deverão reforçar a participação nas comissões de Comunicação e de Segurança Pública. Ambas são dominadas por bolsonaristas e devem adotar tom mais belicoso.

A Comissão de Segurança Pública receberá o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, nesta quarta-feira, 9, para falar sobre a suspeita de interferência Lula em investigações conduzidas pela Polícia Federal no caso de desvio de recursos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e abertura de inquérito pela polícia contra uma cidadã que falou a frase “Lula ladrão”.

Veja a lista de ministros e figuras importantes prestarão esclarecimentos a deputados e senadores

Terça-feira, 8

  1. Ministro Waldez Góes (Integração e Desenvolvimento Regional) vai à Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo falar sobre políticas de desenvolvimento regional e turismo
  2. Ministra Simone Tebet (Planejamento) vai à CMO falar da LDO 2026

Quarta-feira, 9

  1. Presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo vai à Comissão de Finanças e Tributação da Câmara para falar sobre a gestão do Banco Central e a aquisição do Banco Master pelo Banco BRB;
  2. Diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues vai à Comissão de Segurança Pública da Câmara falar sobre a suspeita de interferência Lula em investigações conduzidas pela Polícia Federal no caso de desvio de recursos do INSS e abertura de inquérito pela polícia contra uma cidadã que falou a frase “Lula ladrão”;
  3. Ministra Esther Dweck (Gestão e Inovação) vai ao grupo de trabalho sobre Reforma Administrativa da Câmara falar sobre o tema;
  4. Ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia) vai à Comissão de Minas e Energia da Câmara para falar sobre mudanças estruturais no setor elétrico;
  5. Ministro Camilo Santana (Educação) vai à Comissão Especial sobre o Plano Nacional de Educação (PNE) para falar sobre o PNE; e
  6. Ministro Sidônio Palmeira (Comunicação Social) vai à Comissão de Comunicação falar sobre o envolvimento da Secom numa rede anti-fake news

 

 

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