Flávio Dino reage a ataques de Trump ao STF após tarifa de 50% a produtos do Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Flávio Dino defendeu a Corte em uma publicação nas redes sociais nesta quarta-feira, 9, após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciar uma tarifa de 50% a produtos importados do Brasil.
Entre suas justificativas, Trump citou a atuação do STF que, segundo ele, “censurou” plataformas americanas que atuam no País. Ele também criticou o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado.

“Uma honra integrar o Supremo Tribunal Federal, que exerce com seriedade a função de proteger a soberania nacional, a democracia, os direitos e as liberdades, tudo nos termos da Constituição do Brasil e das nossas leis”, escreveu Dino no Instagram.
A manifestação do ministro ocorreu horas após a divulgação de uma carta enviada por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No documento, o americano informa que a tarifa de 50% aos produtos brasileiros entrará em vigor a partir de 1º de agosto.
Mais cedo, Trump já havia dito que o Brasil não tem sido bom para os EUA e que deveria anunciar novas tarifas sobre produtos brasileiros até quinta-feira, 10.
O presidente americano optou por abrir a carta endereçada a Lula com uma defesa de Bolsonaro. Todo o primeiro parágrafo do documento é dedicado ao ex-presidente brasileiro. Ao longo do texto, Trump também ataca o STF e afirma que a relação comercial entre Brasil e EUA tem sido favorável aos americanos.
No entanto, o Brasil registra déficits comerciais consecutivos com os EUA desde 2009. Isso significa que, nesse período, o país gastou mais com importações do que arrecadou com exportações. “O modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional”, disse Trump.
“Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”, escreveu.
Segundo o presidente americano, a medida também responde aos “ataques insidiosos às eleições livres” e às “ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS” que, segundo ele, vêm sendo emitidas pelo STF contra redes sociais dos EUA, sob ameaça de “multas de milhões de dólares e expulsão do mercado brasileiro”.
Trump declarou ainda que o comércio bilateral tem sido “há muito tempo injusto” e que os EUA precisam se afastar de uma estrutura baseada em “barreiras tarifárias e não tarifárias” impostas pelo Brasil.
“Nossa relação tem estado longe de ser recíproca”, afirmou. Ele advertiu que, caso o governo brasileiro responda com aumento de tarifas, qualquer percentual adicional será somado à alíquota de 50%.