10 de julho de 2025
Politica

Itamaraty diz a chefe da embaixada dos EUA que apoio a Bolsonaro é ‘indevido e inaceitável’

BRASÍLIA – O encarregado de negócios da embaixada dos Estados Unidos, Gabriel Escobar, ouviu que o governo brasileiro considera o apoio americano ao ex-presidente Jair Bolsonaro como “indevido e inaceitável” por se intrometer em assuntos internos do Brasil. O recado foi passado a ele nesta quarta-feira, dia 9, pela embaixadora Maria Luisa Escorel, secretária de América do Norte e Europa do Itamaraty.

A embaixadora o convocou para uma reunião às 15h. O encontro durou cerca de 40 minutos no gabinete da Secretaria de América do Norte e Europa. A embaixadora havia sido orientada pelo ministro Mauro Vieira, que despachou antes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O diplomata Gabriel Escobar, atual encarregado de negócios dos EUA em Brasília
O diplomata Gabriel Escobar, atual encarregado de negócios dos EUA em Brasília

Segundo fontes familiarizadas com a conversa, a embaixadora transmitiu ao encarregado americano que o governo ficou muito surpreso com o fato de os EUA “tomarem partido” em uma questão interna do Brasil, um país amigo e democrático.

A secretária também ressaltou que o governo brasileiro considera o episódio mais grave ainda pelo fato de os EUA serem uma democracia tradicional que, pela manifestação difundida via X (antigo Twitter), estaria se alinhando a quem “tentou dar um golpe no País e subverter o resultado da vontade popular”.

Questionada sobre a convocação de Escobar, embaixada americana apenas confirmou a reunião no Ministério das Relações Exteriores e disse que “não divulga conteúdo de reuniões privadas”.

Mais cedo, a embaixada americana disse que Bolsonaro e sua família têm sido “fortes parceiros” dos norte-americanos, e afirmou que a “perseguição política contra ele, sua família e seus apoiadores é vergonhosa e desrespeita as tradições democráticas do Brasil”.

A nota da embaixada americana reforçou a declaração do presidente Donald Trump, que nesta segunda-feira, 7, chamou os processos judiciais contra o ex-presidente brasileiro de “perseguição” e “caça às bruxas”, pedindo para que “deixem Bolsonaro em paz”.

Um dia depois, na noite desta terça, 8, Trump voltou à sua rede social, Truth Social, repetindo os mesmos argumentos em defesa do ex-presidente e réu por golpe de Estado no Supremo Tribunal Federal (STF).

Trata-se da segunda vez que a principal autoridade dos Estados Unidos no Brasil é chamada a prestar esclarecimentos. Escobar foi convocado pelo Itamaraty em janeiro, logo após assumir o cargo, para dar explicações sobre a deportação de brasileiros em condições degradantes.

Naquele mês, um voo com 88 brasileiros deportados aterrissou em Manaus, e a Polícia Federal constatou que eles estavam algemados pelos pés e mãos em território nacional, o que contraria acerto entre os países. Ele pediu desculpas ao Itamaraty a portas fechadas, segundo relato de pessoas presentes à conversa, mas os americanos alegam que Escobar apenas “lamentou” os problemas no voo.

 

 

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