13 de julho de 2025
Politica

Lula não buscou relações com Trump, mas pode se aproveitar internamente da afronta

A carta que o americano Donald Trump enviou ao presidente Lula impondo tarifas de 50% aos produtos brasileiros é um espanto até pela linguagem belicosa. Mesmo vindo de quem veio. Os termos, o estilo, parecem mais de briga de condomínio do que de relações internacionais.

Não faz nenhum sentido, por exemplo, a nossa sociedade, como um todo, ser punida externamente por causa do processo que envolve a o julgamento de Jair Bolsonaro, acusado de tentar instalar uma ditadura aqui nos trópicos. Não sabemos as consequências políticas disso – uma hipótese é a união nacionalista em torno do mandatário petista.

O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na manhã desta  terça-feira 08, no Palácio da Alvorada
O presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva na manhã desta terça-feira 08, no Palácio da Alvorada

Mas, caso não exista recuo, a nossa economia pode sofrer com mais esse gesto extremo do líder americano. No caso o que vale é o cliché: não existe vácuo de poder. Lula, abertamente, se comportou de maneira distante ou mesmo antagonista a Trump. Apoiou a adversária Kamala Harris, não o cumprimentou pela vitória.

O lado bolsonarista da nossa política, ao contrário, optou pela bajulação. Colocaram bonés, agitaram a bandeira norte-americana. Mais do que isso, a família Bolsonaro se aproximou de Trump sonhando com uma interferência aqui, para ajudar o patriarca Jair. Aparentemente conseguiram. Mas o tiro pode ter saído pela culatra.

A estratégia do presidente Lula precisará ser acertada no sentido de transformar a agressão em ganho político interno. No sentido de que as ações da família Bolsonaro nos EUA, em especial o deputado Eduardo Bolsonaro, o filho 03, na verdade irão prejudicar todos os brasileiros, por causa das tarifas. A ver também como reagirá o Supremo Tribunal Federal, abertamente acusado de censura pelo chefão dos EUA.

O Brasil exportou cerca de US$ 40 bilhões para os EUA. Gente poderosa aqui será prejudicada, inclusive setores industriais, em especial a Embraer. Os cafeicultores também pagarão um preço. Será preciso capitalizar politicamente o dano das ações de Trump. Culpar os bolsonaristas pelos prejuízos já é o caminho traçado.

A questão é se a crise bater no andar de baixo. Se pessoas que podem ter a vida mais difícil por causa da briga entre os governantes do Brasil e dos EUA irão compreender toda a história. A depender da dimensão da crise. A depender das reações e ações de nossos políticos.

A bola agora está no pé do governo e de nossos diplomatas. Para que o arroubo de Trump não nos cause tantos danos. Lembrando que o verdadeiro chefe de nossa diplomacia, o conselheiro internacional Celso Amorim é um antiamericano pró-Brics, um grupo que o presidente americano considera hostil e cujo aprofundamento das relações pode ter estimulado desacato trumpista.

 

 

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