10 de julho de 2025
Politica

Tarcísio descarta ‘entregar cabeça de Derrite’ após morte de marceneiro por PM

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), descarta “entregar a cabeça de (Guilherme) Derrite”, ou seja, demitir seu secretário estadual de Segurança Pública, após um marceneiro ser morto por um policial militar que o confundiu com um assaltante só porque a vítima corria para pegar um ônibus.

Em conversas com pessoas próximas e integrantes do governo, segundo apurou a Coluna do Estadão, Tarcísio chegou a perguntar: “O secretário de Segurança Pública vai cair por quê?”. E, na sequência, argumentou que a morte de Guilherme Dias dos Santos Ferreira pelo policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida é um caso que provoca dor, exige investigação célere e punição, mas é isolado e não consequência de má gestão do secretário. Procurado, o governador não comentou. O espaço segue aberto para que se manifeste.

De acordo com um dos relatos feitos à Coluna do Estadão, Tarcísio de Freitas chamou Derrite para uma conversa e disse estar preocupado com o risco de a população se revoltar com a Polícia Militar ou fazer um linchamento público do PM. Ressaltou que isso não seria positivo e nem justo.

O governador pediu, então, que o secretário dê respostas rápidas à população em duas frentes: 1. Garanta a conclusão do inquérito sobre o PM, que tende a ser afastado da corporação, julgado e preso. 2. Identifique e prenda os cinco bandidos que tentaram assaltar o policial militar, antes de ele atirar em Guilherme.

A Coluna do Estadão apurou que, num dos diálogos com interlocutores do núcleo duro do governo, Tarcísio classificou o episódio como tragédia da violência urbana, que gera clima de tensão e sobrecarga dos policiais militares. Ele destacou que, somente no telefone 190, a Polícia Militar de São Paulo atende 60 mil ocorrências por dia. Também reclamou do “prende e solta” de criminosos reincidentes e cobrou legislação mais dura. E, mais uma vez mais, apresentou números. Disse que em apenas um dia, nesta semana, a polícia prendeu mil foragidos da Justiça no Estado.

Tarcísio apoia gestão de Derrite e nega pressão política para manter secretário no cargo

Sempre que pedem a Tarcísio uma análise da gestão de Derrite, ele diz estar satisfeito e destaca haver redução dos indicadores de violência no Estado. O governador também ampara-se em pesquisas internas do Palácio dos Bandeirastes, os trackings, que mostram apoio da maioria da população à gestão de segurança pública em São Paulo.

Tarcísio nega que Guilherme Derrite seja mantido no cargo por pressão política. Ressalta que o secretário foi responsável por elaborar o plano do governo na área de Segurança Pública.

Nesta quarta-feira, 9, Tarcísio e Derrite participaram da cerimônia em homenagem aos 93 anos da Revolução de 1932. Na maior parte do tempo, ficaram lado a lado e conversaram.

Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), nesta quarta-feira, 9, durante cerimônia em homenagem aos 93 anos da Revolução de 1932.
Governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), com o secretário de Segurança Pública, Guilherme Derrite (PP), nesta quarta-feira, 9, durante cerimônia em homenagem aos 93 anos da Revolução de 1932.

Marceneiro de 26 anos foi morto a tiros por PM ao sair do trabalho e ser confundido com ladrão

O crime ocorreu na noite de sexta-feira, 4, em Parelheiros, zona sul de São Paulo. À Polícia Civil, o PM disse que confundiu a vítima com um dos ladrões que teriam tentado assaltá-lo momentos antes. Guilherme Dias dos Santos Ferreira estava com uma sacola onde levava a marmita e os talheres que usou no serviço, em uma empresa próxima. Ele morreu no local.

O policial Fábio Anderson Pereira, de 35 anos, foi preso em flagrante por homicídio culposo, mas pagou fiança e responderá em liberdade pelo homicídio. O Estadão apurou que ele pertence ao 12º Batalhão de Polícia da PM, no Campo Belo, zona sul da capital. foi preso em flagrante. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do PM. EM nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que o agente foi afastado.

Quem era o jovem morto pela PM ao ser confundido com ladrão em SP

Guilherme Dias dos Santos Ferreira trabalhava havia três anos como marceneiro na empresa Dream Box, que projeta e monta camas, com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro. A unidade de São Paulo não abriu nesta segunda-feira em luto pela morte do colaborador.

O rapaz já ocupava um cargo de destaque por ter habilidades técnicas e estava sendo preparado para ganhar uma promoção, segundo o proprietário da empresa. “Ele estava em treinamento para subir de cargo. Temos uma boa equipe na unidade, mas o Guilherme era muito bom, um cara maravilhoso.”

Ele era casado e tinha o sonho de ser pai, segundo Sthephanie dos Santos Ferreira Dias, viúva de Guilherme.

LEGENDA Guilherme Souza Dias, que foi morto por PM após sair do trabalho na Zona Sul de SP — Foto: Reprodução/Rede Social
FOTÓGRAFO/CRIADOR
Reprodução/Rede Social
LEGENDA Guilherme Souza Dias, que foi morto por PM após sair do trabalho na Zona Sul de SP — Foto: Reprodução/Rede Social
FOTÓGRAFO/CRIADOR
Reprodução/Rede Social

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *