Tarcísio descarta ‘entregar cabeça de Derrite’ após morte de marceneiro por PM
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), descarta “entregar a cabeça de (Guilherme) Derrite”, ou seja, demitir seu secretário estadual de Segurança Pública, após um marceneiro ser morto por um policial militar que o confundiu com um assaltante só porque a vítima corria para pegar um ônibus.
Em conversas com pessoas próximas e integrantes do governo, segundo apurou a Coluna do Estadão, Tarcísio chegou a perguntar: “O secretário de Segurança Pública vai cair por quê?”. E, na sequência, argumentou que a morte de Guilherme Dias dos Santos Ferreira pelo policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida é um caso que provoca dor, exige investigação célere e punição, mas é isolado e não consequência de má gestão do secretário. Procurado, o governador não comentou. O espaço segue aberto para que se manifeste.
De acordo com um dos relatos feitos à Coluna do Estadão, Tarcísio de Freitas chamou Derrite para uma conversa e disse estar preocupado com o risco de a população se revoltar com a Polícia Militar ou fazer um linchamento público do PM. Ressaltou que isso não seria positivo e nem justo.
O governador pediu, então, que o secretário dê respostas rápidas à população em duas frentes: 1. Garanta a conclusão do inquérito sobre o PM, que tende a ser afastado da corporação, julgado e preso. 2. Identifique e prenda os cinco bandidos que tentaram assaltar o policial militar, antes de ele atirar em Guilherme.
A Coluna do Estadão apurou que, num dos diálogos com interlocutores do núcleo duro do governo, Tarcísio classificou o episódio como tragédia da violência urbana, que gera clima de tensão e sobrecarga dos policiais militares. Ele destacou que, somente no telefone 190, a Polícia Militar de São Paulo atende 60 mil ocorrências por dia. Também reclamou do “prende e solta” de criminosos reincidentes e cobrou legislação mais dura. E, mais uma vez mais, apresentou números. Disse que em apenas um dia, nesta semana, a polícia prendeu mil foragidos da Justiça no Estado.
Tarcísio apoia gestão de Derrite e nega pressão política para manter secretário no cargo
Sempre que pedem a Tarcísio uma análise da gestão de Derrite, ele diz estar satisfeito e destaca haver redução dos indicadores de violência no Estado. O governador também ampara-se em pesquisas internas do Palácio dos Bandeirastes, os trackings, que mostram apoio da maioria da população à gestão de segurança pública em São Paulo.
Tarcísio nega que Guilherme Derrite seja mantido no cargo por pressão política. Ressalta que o secretário foi responsável por elaborar o plano do governo na área de Segurança Pública.
Nesta quarta-feira, 9, Tarcísio e Derrite participaram da cerimônia em homenagem aos 93 anos da Revolução de 1932. Na maior parte do tempo, ficaram lado a lado e conversaram.
Marceneiro de 26 anos foi morto a tiros por PM ao sair do trabalho e ser confundido com ladrão
O crime ocorreu na noite de sexta-feira, 4, em Parelheiros, zona sul de São Paulo. À Polícia Civil, o PM disse que confundiu a vítima com um dos ladrões que teriam tentado assaltá-lo momentos antes. Guilherme Dias dos Santos Ferreira estava com uma sacola onde levava a marmita e os talheres que usou no serviço, em uma empresa próxima. Ele morreu no local.
O policial Fábio Anderson Pereira, de 35 anos, foi preso em flagrante por homicídio culposo, mas pagou fiança e responderá em liberdade pelo homicídio. O Estadão apurou que ele pertence ao 12º Batalhão de Polícia da PM, no Campo Belo, zona sul da capital. foi preso em flagrante. A reportagem não conseguiu contato com a defesa do PM. EM nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) disse que o agente foi afastado.
Quem era o jovem morto pela PM ao ser confundido com ladrão em SP
Guilherme Dias dos Santos Ferreira trabalhava havia três anos como marceneiro na empresa Dream Box, que projeta e monta camas, com unidades em São Paulo e no Rio de Janeiro. A unidade de São Paulo não abriu nesta segunda-feira em luto pela morte do colaborador.
O rapaz já ocupava um cargo de destaque por ter habilidades técnicas e estava sendo preparado para ganhar uma promoção, segundo o proprietário da empresa. “Ele estava em treinamento para subir de cargo. Temos uma boa equipe na unidade, mas o Guilherme era muito bom, um cara maravilhoso.”
Ele era casado e tinha o sonho de ser pai, segundo Sthephanie dos Santos Ferreira Dias, viúva de Guilherme.

FOTÓGRAFO/CRIADOR
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