Reação a tarifaço de Trump é questão de soberania, não ideologia, diz deputado da bancada do agro
O deputado Fausto Pinato (PP-SP), integrante da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), afirmou nesta quinta-feira, 10, que a reação do Brasil ao tarifaço dos Estados Unidos é uma questão de soberania nacional, e não de ideologia. O agronegócio será um dos setores mais afetados pela decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de impor uma tarifa de 50% a produtos importados do País.
Na carta enviada ao governo brasileiro na quarta-feira, 9, o líder norte-americano apontou perseguição do Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro e reclamou de decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas norte-americanas de tecnologia. O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, usou a taxação para cobrar do Congresso a aprovação de uma anistia ao pai, réu no STF na ação penal do golpe.
As empresas Trump Media & Technology Group, ligadas ao presidente dos EUA, processam o ministro do STF Alexandre de Moraes na Justiça da Flórida por supostamente censurar conteúdos publicados nessas plataformas no Brasil. Na terça-feira, 8, Moraes foi intimado novamente no processo.
“Não é uma questão de direita, centro ou esquerda. É uma questão de defender a soberania do nosso País. Ou o Brasil se ajoelha ou enfrenta”, afirmou Pinato à Coluna do Estadão.

Na mesma linha, outro integrante da bancada do agro, o deputado Danilo Forte (União Brasil-CE), cobrou deixar o “acirramento político” de lado para enfrentar a crise diplomática.
“É preciso ter pragmatismo e não se deixar levar pelo acirramento político. Estamos falando da vida das pessoas: uma coisa é a razão econômica e outra é a razão do mundo político”, afirmou Forte, ressaltando o risco aos empregos no Brasil:
“O País precisa digerir essa situação, até porque existe muita bravata por parte dos EUA, como temos visto. É preciso agir para não condenarmos as empresas e os empregos, e a economia de modo geral, por conta de uma disputa política. Isso tem que ficar muito claro, pois é um jogo de perde-perde”.
Bancada mostrou preocupação com ordem de Trump
Representante do agronegócio, setor alinhado ao bolsonarismo, a frente parlamentar do agro manifestou preocupação com a decisão do presidente norte-americano.
“A medida representa um alerta ao equilíbrio das relações comerciais e políticas entre os dois países”, disse a bancada. “A FPA reitera a importância de fortalecer as tratativas bilaterais, sem isolar o Brasil perante as negociações. A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas”, concluiu.
Impacto do tarifaço no agronegócio
Como consequência econômica mais imediata, a tarifa de 50% para produtos brasileiros exportados aos EUA afetará o mercado de café e carne bovina do País.
“A tarifa representa um duro golpe para as exportações brasileiras, especialmente do agronegócio e de setores ligados a commodities”, afirmou o advogado tributarista Luís Garcia, sócio do MLD Advogados.