12 de julho de 2025
Politica

Líder do PT na Câmara pede prisão de Eduardo Bolsonaro por atuação nos EUA contra o Brasil; entenda

O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (RJ), pediu nesta sexta-feira, 11, a prisão do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em maio, o parlamentar já havia solicitado a medida por possível atuação ilícita do político do PL no exterior.

No requerimento, Lindbergh apresenta novos fatos para sustentar que Eduardo estaria negociando com autoridades norte-americanas para “sabotar o funcionamento das instituições republicanas brasileiras, especialmente o Poder Judiciário”.

Eduardo Bolsonaro se licenciou do cargo de deputado e vive nos Estados Unidos desde o início do ano, onde diz atuar para impor sanções contra o STF. Após o anúncio do presidente Donald Trump de taxar os produtos brasileiros em 50%, nesta quarta-feira, 9, Eduardo publicou uma nota, intitulada “Uma hora a conta chega”, culpando o Supremo pela decisão de Trump.

Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é alvo de pedido de prisão protocolado por Lindbergh Farias (PT)
Eduardo Bolsonaro (PL-SP) é alvo de pedido de prisão protocolado por Lindbergh Farias (PT)

Segundo Lindbergh Farias, o tarifaço imposto pelos Estados Unidos seria resultado da articulação internacional de Eduardo Bolsonaro para impor sanções contra o ministro Alexandre de Moraes, relator de um inquérito que investiga seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Para Lindbergh, a nota do deputado, assinada em conjunto com o jornalista Paulo Figueiredo, seria uma “prova documental de que Eduardo Bolsonaro solicitou que os Estados Unidos interviessem no Brasil por meio da aplicação da chamada ‘Lei Magnitsky’ para perseguir ministros do STF e autoridades do sistema de justiça”.

Embora na nota o parlamentar sugira que tentou fazer com que as punições de Trump afetassem apenas o ministro Alexandre de Moraes, Eduardo fez uma publicação em seu perfil no X (Twitter) após o anúncio das tarifas agradecendo Donald Trump e pedindo aplicação da Lei Magnitsky.

O petista afirma que Eduardo entregou ofícios às autoridades norte-americanas “que resultaram em pressões diplomáticas e na ameaça – já concretizada – de sanções comerciais”, diz o documento encaminhado ao STF. Caso forem implementados, os impostos – que Eduardo chama de “tarifa-Moraes”– podem causar prejuízo econômico a produtores brasileiros.

“Nesse cenário, não é mais possível tratar tais fatos como simples manifestações de opinião: há uma estratégia de continuidade delitiva voltada à neutralização do funcionamento das instituições democráticas, com uso de recursos financeiros, instrumentos de soft power e alianças geopolíticas espúrias”, diz o líder do PT na Câmara.

Lindbergh pede ao STF a prisão preventiva de Eduardo por tentativa de obstrução do processo penal de seu pai. Ele também solicita o bloqueio de bens, apuração de uso indevido de passaporte diplomático e investigação sobre o financiamento das atividades de Eduardo no exterior, que teriam sido bancadas com doações arrecadadas sob o pretexto de defesa jurídica de Jair Bolsonaro.

Além do pedido de prisão preventiva, o PT já havia anunciado que está estudando maneiras de pedir a cassação do mandato de Eduardo na Câmara. “Não tem dúvidas que teve a atuação do Eduardo e teve essa campanha que estão fazendo fora do País cotidianamente”, disse Lindbergh.

Postagens de Eduardo anexadas aos autos

O reforço do pedido de prisão contra Eduardo foi adicionado aos autos do inquérito aberto pelo STF a pedido da PGR para investigar a atuação do filho de Bolsonaro nos Estados Unidos, contra autoridades brasileiras. No mesmo inquérito, nesta sexta-feira, quatro publicações de Eduardo nas redes sociais também foram juntadas aos autos.

A captura de tela de uma delas mostra Eduardo, em seu perfil no X, agradecendo ao congressista americano Cory Mills pelo “apoio à causa da liberdade”, postado nesta quarta-feira, 9, dia do anúncio da tarifa. O deputado republicou a declaração do republicano, que se diz feliz em ver Trump “defender a liberdade e a democracia no Brasil enquanto o povo continua enfrentando crises constantes”.

As outras peças se referem à nota pública em que Eduardo culpa o STF pela crise tarifária e um vídeo em que ele fala sobre o pedido de prorrogação do inquérito que investiga sua atuação no país americano. Também foi anexada a publicação de Eduardo, fixada em seu perfil, que pede aos seguidores para deixarem “agradecimento” a Trump.

A sobretaxa de 50%

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira tarifas de 50% sobre produtos importados do Brasil, com início a partir de 1.º de agosto. É a alíquota mais alta divulgada a partir de cartas enviadas pelo republicano aos países desde o início desta semana.

Antes, ele havia dito que o Brasil não tem sido bom para os EUA e que deveria anunciar novas tarifas sobre produtos brasileiros até quinta-feira, 10.

A decisão foi justificada como resposta ao tratamento dado pelo Brasil ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a decisões do Supremo contra empresas americanas de tecnologia.

“O modo como o Brasil tem tratado o ex-presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado no mundo, é uma desgraça internacional”, disse Trump. “Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma caça às bruxas que deve terminar IMEDIATAMENTE!”, escreveu.

 

 

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