Moraes revoga prisão de radialista que atuou no 8 de Janeiro por questões de saúde mental
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes revogou a prisão do radialista Roque Saldanha, preso preventivamente desde dezembro de 2024 por violar mais de 50 vezes medidas cautelares impostas no processo que aponta participação dele na incitação aos atos golpistas de 8 de Janeiro.
O radialista entrou em evidência em novembro do ano passado por gravar um vídeo retirando a tornozeleira eletrônica – o que não poderia ser feito – e proferindo ofensas ao ministro do STF. “O senhor pega essa tornozeleira, abre seu c* e enfia dentro”, diz, na gravação.
Segundo o advogado André Dolabela, responsável pela defesa de Saldanha, o radialista está sofrendo problemas de saúde mental.

A petição da defesa diz que o quadro vem se manifestando por meio de comportamentos “notoriamente desorganizados episódios de paranoia, falas desconexas e alterações abruptas de humor”.
“Tais indícios, conforme atestado por seus familiares e especialmente sua filha, estudante de psicologia, demonstram a existência de comportamento de condição psicológica, o qual exige atenção clínica especializada, em ambiente adequado sob supervisão contínua e com apoio familiar”, disse Dolabela.
A prisão decretada no dia 20 de dezembro foi revogada e substituída por prisão domiciliar, com uso de tornozeleira eletrônica, proibição de usar as redes sociais, de se comunicar com demais envolvidos, de conceder entrevistas e de receber visitas, salvo advogados e demais pessoas autorizadas.
“A revogação da prisão preventiva representa o reconhecimento, pelo Supremo Tribunal Federal, da solidez das teses jurídicas sustentadas”, disse Dolabela.
O advogado afirma que a estratégia de argumentação combinou a questão comportamental de Saldanha com outros elementos do processo. “A saúde mental não foi o único argumento e se fosse assim, certamente o ministro não teria soltado.”
A decisão de Moraes foi proferida na última semana e o radialista já está em casa, cumprindo as medidas cautelares.