Defesa de presidente afastado do Corinthians aponta ‘ilegalidade’ de MP e Polícia no caso Vai de Bet
A defesa do presidente afastado do Corinthians, Augusto Melo, apontou “ilegalidades” da Polícia Civil e do Ministério Público (MP) de São Paulo no caso Vai de Bet. O parecer foi anexado ao processo na segunda-feira, 14, e obtido pela Coluna do Estadão. Na última semana, o MP denunciou Melo pelos supostos crimes de lavagem de dinheiro, associação criminosa e furto qualificado, o que ele nega.
Procurados pela Coluna, o Ministério Público e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo não responderam. Quando Melo foi denunciado, no último dia 10, sua defesa classificou a acusação de “uma narrativa genérica e pouco fundamentada, o que compromete o pleno exercício da ampla defesa e do contraditório”.
O parecer foi assinado por Willis Santiago Guerra Filho, professor de direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Segundo a análise feita a pedido da defesa do ex-dirigente, as investigações do MP — que denunciou Melo — e da Polícia Civil — que o indiciou — foram direcionadas e deveriam ser anuladas.
“A atuação direcionada do MP pode ser considerada ilegal, por violar o devido processo legal e a isonomia, além de abusiva, em se caracterizando perseguição ou omissão deliberada. Os atos processuais derivados de tal seletividade podem ser anulados”, afirmou o documento. Em relação à polícia, o parecer apontou direcionamento indevido, com potencial de ofender a dignidade de Augusto Melo e também da torcida do Corinthians.
“Uma investigação policial indevidamente conduzida turba o bom funcionamento administrativo de um importante time de futebol, apreciado por milhões de torcedores, como é o Corinthians”, seguiu o professor da UFRJ.

Entenda o caso Vai de Bet
Segundo as investigações, empresas fantasmas e até com ligações ao PCC receberam dinheiro indevidamente de um contrato de patrocínio do Corinthians com a Vai de Bet, empresas de apostas esportivas. O acordo, de R$ 360 milhões, foi o primeiro da gestão Augusto Melo no clube.
A companhia citada como intermediadora no contrato pertencia a um antigo integrante da equipe de comunicação de Melo, ainda de acordo com o MP. Essa empresa repassou verba a uma companhia de fachada, registrada em nome de uma mulher de origem humilde em Peruíbe (SP), que diz desconhecer o caso.
Também houve transferências a uma empresa apontada como braço do PCC, também segundo o Ministério Público. Depois que esses pagamentos vieram a público, a casa de apostas anulou o contrato com o time.