Encontro na FGM discute cuidado e direito ao descanso das trabalhadoras negras

Foto: Jefferson Peixoto/Secom PMS
Reportagem: Letícia Silva e Eduardo Santos/Secom PMS
Com o título provocativo “Quem cuida de quem cuida?”, a palestra “O Cansaço das Mulheres Negras e o Direito ao Descanso” discute a necessidade de cuidados e descanso para trabalhadoras negras na capital baiana, em um momento especial de escuta, troca e reflexão. O evento foi realizado na manhã desta quarta-feira (16), no Café Teatro Nilda Spencer, localizado na sede da Fundação Gregório de Mattos (FGM), e contou com a participação de colaboradoras da FGM. A atividade integra o Programa de Combate ao Racismo Institucional (PCRI), que busca a promoção da equidade racial no serviço público.
O evento teve o intuito de propor uma conversa sensível e necessária sobre a sobrecarga enfrentada por tantas mulheres negras no dia a dia e o direito fundamental ao descanso, ao autocuidado e ao acolhimento. A atividade foi conduzida por Ludmilla Ramos, psicóloga e especialista em Gestão de Pessoas, com trajetória marcada pelo compromisso com o cuidado integral, o desenvolvimento humano e a construção de políticas públicas inclusivas.
Para Ludmilla que, além de idealizadora, também é mediadora do evento, tanto o Julho das Pretas como o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha são marcos importantes para a cidade. “São eventos para os quais Salvador mantém uma agenda voltada para a valorização da mulher negra, de forma a entender a história dessa mulher, trazendo aspectos especiais e políticas públicas voltadas para a população negra, para as mulheres negras”, pontuou.
Reflexão – Sobre o tema, a especialista destacou a sobrecarga sofrida pelas mulheres negras no ambiente de trabalho, já que a maioria delas não possuem uma vida financeira estruturada e sofrem com o acúmulo de atividades fora e dentro de casa, cuidando da família e dos filhos sem uma rede de apoio. “Aqui falamos da possibilidade de essas mulheres se cuidarem e se proporcionarem um descanso também, independente desses acúmulos de trabalho e dessa sobrecarga que, muitas vezes, afeta a saúde mental delas. Que elas possam se desafiar a ter esse espaço de autocuidado”, completou.
Uma das participantes do evento, a professora Dilcélia Santos salientou que o assunto é muito interessante para reflexão – ela mesma, revelou, é responsável por cuidar de pessoas em um terreiro de candomblé. “Eu tenho uma função relevante no meu terreiro. Eu sou a mãe, a pessoa que cuida da pessoa que vai ser recolhida, do babalorixá, da ialorixá, daqueles que vão se cuidar da roça. Então, eu preparo a cama para as pessoas deitarem, para realizar a obrigação. Esse título, ‘Quem vai cuidar de quem cuida?’ me faz pensar: e quem cuida de mim? Tenho os orixás que cuidam de mim espiritualmente, mas, essa parte de matéria, da pessoa física, eu queria me aprofundar mais”, disse.
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