18 de julho de 2025
Politica

Fôlego na popularidade e erro de Lula nos Brics: a pesquisa Quaest em 5 pontos

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhou fôlego na crise de popularidade após o anúncio de tarifas a produtos do Brasil pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. A maior parte dos brasileiros avalia que o americano não tem o direito de opinar sobre um processo da Justiça brasileira, como fez sobre a ação penal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).

Os dados são da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 16, que mostra, pela primeira vez em um ano, uma houve redução na diferença porcentual de brasileiros que rejeitam o governo Lula.

Lula errou ao provocar Trump durante Cúpula dos Brics, afirmam entrevistados pela pesquisa Genial/Quaest
Lula errou ao provocar Trump durante Cúpula dos Brics, afirmam entrevistados pela pesquisa Genial/Quaest

Embora Trump tenha citado o processo contra Bolsonaro ao anunciar tarifas ao Brasil, a maior parte dos entrevistados julga que a ação penal contra o ex-presidente não é a principal causa do “tarifaço”, e que Lula errou ao provocar Trump após uma sessão da Cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro.

Apesar de diferentes avaliações sobre os motivos da crise, os brasileiros querem que governo e oposição se unam na defesa dos interesses do País, aponta a pesquisa Genial/Quaest. Por outro lado, segundo o levantamento, a agenda de “justiça tributária” da gestão federal ainda não é conhecida pela maioria do público.

A pesquisa Genial/Quaest entrevistou 2.004 pessoas de forma presencial entre os dias 10 e 14 de julho. A margem de erro é de dois pontos porcentuais e o índice de confiança é de 95%.

Governo ganha fôlego em crise de popularidade

Entre julho de 2024 e maio de 2025, a desaprovação ao governo Lula cresceu de forma ininterrupta a cada levamento realizado pela Genial/Quaest. No período, a desaprovação ao petista cresceu de 43% dos entrevistados para 57%, enquanto a aprovação do mandato caiu de 54% para 40%. Nesta quarta-feira, pela primeira vez em um ano, houve queda na diferença porcentual entre os que desaprovam e os que aprovam o governo Lula. Desde a rodada anterior, em maio, a desaprovação caiu quatro pontos porcentuais, indo de 57% para 53%, enquanto a aprovação cresceu três, indo de 40% para 43%.

Rejeição a Trump e ao ‘tarifaço’

A maioria dos brasileiros rejeita o “tarifaço” contra produtos do Brasil anunciado pelo Estados Unidos, Donald Trump. Para 72% dos entrevistados, o americano está errado ao impor taxas aos produtos brasileiros, enquanto 79% avaliam que o impacto nas exportações do País também prejudicará a sua própria vida.

A maior parte dos entrevistados (57%) avalia que Trump não tem direito de opinar sobre o processo em que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é réu por tentar um golpe de Estado.

Embora Trump tenha citado a ação penal contra Bolsonaro na carta que encaminhou ao governo brasileiro anunciando as tarifas, a maior parte dos entrevistados não atribui o processo contra o ex-presidente como a principal causa do ato do presidente americano. A explicação mais comum entre os entrevistados (26%) é de que Trump, na verdade, quis retaliar as falas de Lula contra o americano durante a Cúpula dos Brics.

Para 22%, a ação no STF contra Bolsonaro é, de fato, a principal razão por trás do tarifaço. São 17% os que dizem que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL) influenciou o presidente americano a tomar a medida, enquanto 10% julgam que Trump buscou retaliar as ações da Suprema Corte brasileira contra big techs americanas.

Lula errou ao provocar Trump em encontro dos Brics

A maioria dos entrevistados (55%) avaliou que Lula provocou Donald Trump ao criticá-lo durante a Cúpula dos Brics. Outros 31% discordam e 14% não souberam ou não quiseram responder. Durante o encontro dos Brics, realizado entre 6 e 7 de julho no Rio de Janeiro, Lula criticou as ameaças do presidente americano de impor tarifas às nações que se aliassem ao grupo, que avalia alternativas ao dólar como moeda do comércio internacional.

Lula disse ser “muito equivocado e muito irresponsável um presidente ficar ameaçando os outros em redes digitais”. “Tem outras coisas, outros fóruns, para o presidente de um país do tamanho dos Estados Unidos falar com outros países”, afirmou o presidente brasileiro.

Falha na comunicação do governo

As novas estratégias de comunicação do governo Lula têm falhado em atingir o público, aponta a pesquisa Genial/Quaest. Questionados sobre a agenda de “justiça tributária” da gestão federal, que pretende isentar do imposto de renda quem ganha até R$ 5 mil mensais e taxar os “BBBs” (bancos, bets e bilionários), 56% afirmam desconhecer as pautas propostas. São 43% os que ficaram sabendo da agenda do governo.

Quanto aos vídeos com críticas ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), 72% dizem não terem visto o conteúdo, enquanto 25% afirmam que sim. As peças foram produzidas com o uso de inteligência artificial e satirizam o presidente da Câmara com um personagem chamado “Hugo Nem Se Importa”.

Governo e oposição devem se unir em defesa do País

Para 84% dos entrevistados, governo e oposição devem se unir para a defesa dos interesses do Brasil. Outros 9% discordam, enquanto 2% são indiferentes e 5% não responderam. A avaliação de que Lula e a oposição devem se unir é predominante em todos os posicionamentos políticos.

Da mesma forma, no cenário interno, 79% avaliam que os conflitos na relação entre o Palácio do Planalto e o Congresso mais atrapalha do que ajuda o País. São 12% os que pensam o contrário, e 9% não responderam.

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