16 de agosto de 2025
Politica

Intimidação falha e Trump fortalece Supremo para batalhas contra extrema direita

A carta de Donald Trump que acusa o Brasil de promover “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro catapultou o Supremo Tribunal Federal (STF) para o centro do mundo. Se há duas décadas os ministros da Corte eram quase anônimos, hoje eles são reconhecidos nas ruas por uma série de motivos. Com o empurrãozinho do presidente dos EUA, foram incluídos definitivamente na lista de alvos da extrema direita global.

Nunca antes o presidente dos EUA comprou briga com a corte constitucional de outro país usando barreiras comerciais como arma. Os ataques produziram ao menos duas consequências para o STF. A primeira, e mais imediata, foi a atuação do tribunal ser apontada como causa da crise internacional.

O presidente dos EUA, Donald Trump, tentou acuar o STF, mas acabou prejudicando Bolsonaro
O presidente dos EUA, Donald Trump, tentou acuar o STF, mas acabou prejudicando Bolsonaro

Na última pesquisa Genial/Quaest, 22% dos entrevistados disseram que as ações no STF contra Bolsonaro motivaram o tarifaço de Trump. Essa opção só perdeu para “falas de Lula durante o Brics contra Trump”, razão declinada por 26% das pessoas consultadas.

A segunda consequência, aparentemente paradoxal, foi o fortalecimento institucional do Supremo, que recebeu respaldo do governo Lula e de boa parte da política. Munido dessa legitimidade, o STF se prepara para dificultar ainda mais a vida das big techs. Isso deve amplificar outro ponto de conflito com Trump.

Em junho, o tribunal regulamentou a atividade das redes sociais e plataformas no Brasil, dando a elas maior responsabilidade por conteúdos publicados por terceiros. No segundo semestre, na análise de recursos, o STF planeja endurecer ainda mais o tratamento às empresas.

Na mesma toada de não se curvar a Trump, o Supremo acelerou a instrução das ações penais que investigam a tentativa de golpe. Os réus devem ser julgados até setembro, com expectativa de condenação. Ministros da Corte já dão como certa a nova onda de ataques dos EUA ao Brasil que isso provocará.

A carta de Trump produziu outros efeitos contrários aos pretendidos: devolveu Lula ao jogo eleitoral, deixou o empresariado de São Paulo contrariado e feriu os planos do governador Tarcísio de Freitas de se candidatar em 2026.

Antes da carta, a crise institucional do Brasil estava focada no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). O embate entre Executivo e Legislativo em torno do aumento das alíquotas virou fichinha perto da crise com os EUA.

Na mira de Trump, Alexandre de Moraes também é o relator do caso do IOF. Sem resultado na tentativa de mediar uma solução amigável entre governo e Congresso Nacional, o ministro vai julgar a ação em breve. Qualquer que seja a decisão a ser tomada, ela não terá potencial para ofuscar a confusão provocada por Trump no Brasil.

 

 

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