19 de julho de 2025
Politica

‘Não são vândalos, são golpistas’, diz Moraes sobre participantes dos atos de 8 de janeiro

Em novo embate com o advogado Jeffrey Chiquini, que representa o ex-assessor da Presidência Filipe Martins, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse que os participantes dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro “não são vândalos, são golpistas condenados”. A declaração ocorreu nesta quarta-feira, 16, durante audiência que ouviu Gonçalves Dias, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional.

Na visão de Moraes, as perguntas de Chiquini a Gonçalves Dias tomaram um “tom acusatório”, o que o fez interromper o advogado e corrigir a nomenclatura. “A testemunha já respondeu. Doutor, quando os golpistas chegaram, porque não são vândalos, são golpistas condenados”, defendeu o ministro.

Ministro já teve embates anteriores com o advogado.
Ministro já teve embates anteriores com o advogado.

Após a fala, Moraes e Chiquini entraram em um embate, que culminou no ministro silenciando o microfone do advogado na chamada de vídeo em que a audiência era realizada. “O senhor cassou a minha palavra?”, perguntou Chiquini. “Cassei a palavra”, respondeu o magistrado enquanto o advogado levava as mãos ao rosto em protesto.

“O que vivemos hoje, na audiência do Núcleo 2, na defesa de Felipe Martins, foi algo inacreditável. O ministro-relator (Moraes) passou de todos os limites. Não há mais como aceitar as violações as garantias de direito dos acusados e agora dos advogados”, disse Chiquini em vídeo publicado no seu Instagram, enquanto criticava o seu silenciamento.

“Enquanto eu fazia perguntas pertinentes ao 8 de janeiro ao general G. Dias, o relator presidente da sessão cassou a minha palavra”, declara. Ele ainda diz que seu cliente está indefensável, não teve testemunhas e teve o advogado impedido de defendê-lo.

Em audiência realizada na segunda-feira, 14, Moraes já tinha pedido para que Chiquini permanecesse em silêncio. “Doutor, enquanto eu falo o senhor fica quieto”. Na ocasião, o ministro chegou a indeferir uma das perguntas feitas pela defesa de Felipe Martins por a considerar “impertinente”.

Mauro Cid chegou a rir de uma das questões feitas por Chiquini na segunda-feira. Após a manifestação, Moraes perguntou “Doutor Jeffrey, o senhor vai se comportar? O senhor pode deixar para fazer isso nos seus likes do X”. O advogado respondeu: “Eu não estou pedindo licença para trabalhar e defender meu cliente. Foi o réu que riu do advogado”.

Quem é Jeffrey Chiquini?

Chiquini publica cortes de suas falas em seus perfis nas redes sociais.
Chiquini publica cortes de suas falas em seus perfis nas redes sociais.

Chiquini defende Felipe Martins, ex-assessor internacional do governo de Jair Bolsonaro (PL), e também Rodrigo Bezerra Azevedo, militar do Exército apontado como responsável pelo apoio no plano de assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro Moraes.

A atuação no Supremo tem alavancado a presença do advogado no Instagram, Youtube e X (antigo Twitter). Em 2022, ele tinha pouco de 12 mil seguidores; neste ano, tem 589 mil – um aumento de 4.500%, segundo levantamento da consultoria Bites.

 

 

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