19 de julho de 2025
Politica

Recuperação de Lula confirma que eleição de 2026 segue em aberto

O governo Lula saiu da defensiva nas últimas semanas, beneficiado pela crise das tarifas com os Estados Unidos e pelo discurso de defesa da população contra os mais ricos. Mas seria um erro interpretar este novo fôlego como um passaporte para a reeleição em 2026. O bom momento tende a se dissipar daqui até outubro do ano que vem, e não garante por si só uma vantagem eleitoral duradoura.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante solenidade no Palácio do Planalto
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante solenidade no Palácio do Planalto

Tudo depende de como o governo conseguirá aproveitar este momento favorável – que inclui um reequilíbrio na relação com o Congresso – para consolidar não apenas um discurso, mas uma agenda de resultados. A popularidade futura dependerá de entregas palpáveis que melhorem a percepção econômica e alinhem Lula de forma mais clara às demandas do eleitor de hoje.

Nesse sentido, o Planalto parece ciente de que precisa avançar em duas frentes: políticas sociais e cortes de impostos que dialoguem com as demandas da população, sustentados por um ambiente de inflação controlada e crescimento.

Nos últimos dias, o governo obteve vitórias importantes que reduzem o risco de uma derrapagem fiscal. A solução para os precatórios, acomodada na chamada PEC dos municípios, fechou uma porta para expandir o espaço fiscal de maneira artificial em ano eleitoral.

Adicionalmente, o apoio de Arthur Lira à proposta original de isenção do imposto de renda diminui o risco de perda de receitas em 2026. Tudo isso, somado à possibilidade de uma decisão favorável do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o decreto do IOF, diminui o risco de o governo precisar alterar a meta fiscal. Com mais confiança e popularidade, reduz-se a chance de que o presidente entre em pânico antes da eleição, o que poderia gerar instabilidade econômica.

Se seguir nessa rota, o governo aumenta suas chances de se beneficiar, durante o período de campanha, de um ambiente macroeconômico com dólar e inflação mais baixos.

Evidentemente, nem todas as variáveis estão sob seu controle, e os impactos do cenário internacional e das próprias tarifas ainda precisam ser observados. Do outro lado, na oposição, também há muita incerteza sobre os principais candidatos – com uma chance maior de que novos candidatos apareçam em meio à confusão entre Tarcísio e os Bolsonaro. A mensagem principal, no entanto, é clara: o sucesso de Lula dependerá da capacidade do governo de usar os próximos meses para transformar o capital político de hoje em uma base econômica sólida para 2026.

 

 

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