21 de julho de 2025
Politica

Capitão do Exército alega desconhecimento e nega ter monitorado autoridades com Marcelo Câmara

BRASÍLIA – O capitão de Exército Osmar Crivellati disse nesta quinta-feira, 17, na condição de testemunha, em audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), que não foi informado, nem chamado a participar, de atividades de monitoramento ilegal de autoridades pelo coronel Marcelo Câmara, militar que foi seu superior na assessoria do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Câmara foi acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) no núcleo 2 da trama golpista de “coordenar as ações de monitoramento e neutralização de autoridades públicas”, em conjunto com o general da reserva Mário Fernandes.

Já Crivellati é investigado pela Polícia Federal (PF) por envolvimento no esquema de desvio e venda de joias do acervo da Presidência durante o governo Bolsonaro.

Osmar Crivellati na sede da Polícia Federal.
Osmar Crivellati na sede da Polícia Federal.

Crivellati prestou depoimento como testemunha de defesa de Câmara e alegou que “em momento nenhum, nunca foi falado em monitoramento” de autoridades. A investigação da PF identificou que Câmara monitorou os deslocamento do ministro do STF Alexandre de Moraes como parte do plano para efetivas um golpe de Estado após a derrota de Bolsonaro nas eleições de 2022.

“O meu conceito de monitoramento, aquilo que eu aprendi e apliquei na minha vida de militar como forças especiais. Para mim o monitoramento na linguagem militar é colocar os olhos sob determinado objetivo e determinada pessoa. Eu preciso estar fisicamente olhando”, responde Crivellati ao ser questionado pelo advogado de Câmara, Eduardo Kuntz, sobre o conceito de monitoramento.

O capitão ainda alegou desconhecimento de que a gestão Bolsonaro tivesse montado uma estrutura de “inteligência paralela” para acompanhar os passos dos seus adversários. Crivellati também negou ter participado de ações de monitoramento sob a liderança de Câmara: “Eu nunca recebi essa missão”.

No rol de perguntas respondidas, Crivellati disse que nunca foi convidado a participar das supostas reuniões, na casa do general Walter Braga Netto e no Palácio do Alvorada, nas quais Câmara e outros réus das ações penais da trama golpistas teriam arquitetado os planos de ruptura institucional.

Apenas cinco das 20 testemunhas arroladas pela defesa de Câmara compareceram à audiência virtual para prestar depoimentos. Os advogados dos réus se queixaram ao juiz auxiliar de Moraes, Rafael Tamai, da falta de intimação formal das testemunhas por parte do gabinete do ministro.

Essa foi uma queixa manifestada por outros defensores, como Jeffrey Chiquini, que atua na defesa de Filipe Martins, na sessão da última quarta-feira, 17. A falta de intimação, combinada com erros da própria defesa ao contatar as testemunhas, esvaziou a audiência marcada para ouvir as pessoas apontados por Martins.

 

 

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