Nova guerra do Pix: governo Lula usa Trump para virar jogo após desgaste causado por Nikolas
O governo Lula viu como um presente político as críticas do governo Donald Trump ao Pix. Aliados do Palácio do Planalto tentam desde quarta-feira, 16, aproveitar a “onda de nacionalismo” a favor do popular sistema de pagamento brasileiro para virar o jogo. Lula enfrentava desgaste sobre o Pix desde janeiro, quando viralizou uma mensagem do deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmando que a gestão petista poderia taxar o Pix.
A ideia é fazer postagens que atrelem o governo à defesa do Pix. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, publicou em suas redes sociais nesta quinta-feira, 17, um trecho da entrevista concedida ao Estadão na qual rebate a ofensiva de Trump sobre o sistema de pagamento brasileiro. “Deixem o Pix fora disso”, escreveu o chefe da equipe econômica.
Nas redes, os canais oficiais do Planalto iniciaram uma campanha. “O Pix é do Brasil e dos brasileiros. Parece que nosso Pix vem causando um ciúme danado lá fora, viu?”, diz uma postagem do governo no X. “O pix é nosso, my friend!”, reverberou o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ).
Em entrevista coletiva, o ex-presidente Jair Bolsonaro tentou evitar que Lula capitalizasse o tema e disse que o Pix foi criação de seu governo. “Antes do Pix, você tinha um cartão. Os bancos perderam comigo, com o Pix mais Ted (Transferência Eletrônica Disponível) e Doc (Documento de Ordem de Crédito), mais de R$ 20 bilhões. E eu não taxei o Pix”, afirmou. “O Pix tem nome: Jair Bolsonaro.”
Nesta terça-feira, 15, o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR, na sigla em inglês) iniciou uma investigação sobre o Brasil com o objetivo determinar “se atos, políticas e práticas do governo brasileiro são irracionais ou discriminatórios e oneram ou restringem o comércio dos EUA”. Na justificativa, o governo americano cita o Pix como um dos pontos que considera prejudiciais à atuação das empresas americanas.
Como mostrou a Coluna, o PT quer investir cada vez mais em comunicação nas redes sociais e pretende aumentar o uso de verba do fundo partidário para turbinar seu “exército digital”, após pesquisas como a Genial/Quaest e a AtlasIntel/Bloomberg apontarem melhora na aprovação do governo Lula após o embate com Trump sobre o tarifaço contra o Brasil e a campanha do governo por justiça tributária e fim de privilégios.
