18 de julho de 2025
Politica

Pesquisa eleitorais: desprezados por petistas e bolsonaristas, ‘isentões’ vão definir as eleições

Tente, em qualquer discussão política, fazer comparações entre Lula e Bolsonaro. Será acusado, imediatamente, na melhor hipótese, se o interlocutor for culto e educado, de falsa simetria. “Lula é um democrata, Bolsonaro um golpista”, dirá a pessoa simpática ao PT, talvez agressivamente. “Não há modos de colocar no mesmo lugar um bandido que desviou bilhões e foi descondenado (sic) com um defensor da família”, pode dizer um admirador do ex-presidente, com ira no olhar. Quem não está em nenhum desses lados da disputa, entretanto, vai definir quem entre eles vai vencer. E parece haver, infelizmente, uma disputa para ver quem repudia mais esse eleitor decisivo.

Lula e Jair Bolsonaro: 'isentões' são desprezados pelos dois lados
Lula e Jair Bolsonaro: ‘isentões’ são desprezados pelos dois lados

Do lado bolsonarismo, além de todo histrionismo, do orgulho, da vulgaridade, há esse elemento novo de um filho do ex-presidente se orgulhar de ter influenciado nas tarifas de Trump a prejudicar toda a sociedade. Uma ala radical a apostar no quanto pior, melhor, contando que ocorra anistia geral e irrestrita que, na verdade, serve para ajudar apenas uma pessoa: Jair Bolsonaro. Consequência: o eleitor de centro, espantado, corre para o outro lado. O resultado das últimas pesquisas de voto e de avaliação do governo estão aí para demonstrar a tese.

Mas Lula também apronta bastante com esse pessoal centrista. O que diabos foi fazer na Praça Vermelha, em maio, ao lado do autocrata Vladimir Putin e um bando de ditadores de países de terceiro mundo? Oficialmente era para comemorar os 80 anos do fim da Segunda Guerra, mas até o corpo embalsamado de Lenin, que fica no mesmo local, sabia que se tratava de uma demonstração de força para o ocidente num momento em que a Rússia trava uma batalha mortal com a Ucrânia. O que diabos foi fazer na Argentina, ao lado de uma condenada por corrupção, pedindo sua liberdade com plaquinha e tudo?

De volta à direita, há uma turma dentro do bolsonarismo que trabalha para não existir qualquer possibilidade de haver uma alternativa no campo da direita (e mesmo do centro) que não tenha o sobrenome do ex-capitão. Tanta lealdade não adiantou nada e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi uma vítima dessa agressividade. Outros postulantes, como os governadores Romeu Zema (MG) ou Ronaldo Caiado (GO), podem preparar o escudo antimísseis caso de fato viabilizem suas candidaturas. O que faz o eleitor de centro nesse cenário de guerra civil? Vai para o nulo ou pula para o outro lado.

Retornando ao terreno petista, há todo esse mal disfarçado desprezo com o equilíbrio das contas públicas. Sempre que há oportunidade, Lula ataca as políticas de austeridade – que podem significar apenas arrecadar mais do que gastar, sem sufocar a população com taxas e impostos. Existe uma vã esperança na esquerda de que um dia a política econômica de gastar como se não houvesse amanhã não gere, depois de um período de voo de galinha, explosão da dívida, inflação, desemprego e recessão. Insistem num equívoco que já deu errado dezenas de vezes aqui e pelo mundo afora, vai entender. Não resta alternativa a não ser correr desse pessoal.

A lista de ações e declarações que entristecem os centristas é gigantesca, de ambos os lados. E, para tornar o cenário mais dramático para esses eleitores, o próprio centro brasileiro naufragou em brigas internas e ataques externos, de maneira que não consegue nem mesmo apresentar um candidato viável. Mas algo é certo. Daqui para frente, quem irritar menos esse eleitor isentão vai levar as eleições de 2026.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *