Bagunça: como vereador do PSDB votou na eleição para presidente do PT
O PT anunciou nesta semana os resultados do “maior processo de eleição interna da história do partido”, nas palavras dos próprios dirigentes. O PED 2025 teve a participação de mais de 548 mil filiados e resultou na eleição do ex-prefeito Edinho Silva para o comando nacional da sigla, com 73,1% dos votos. O PT tem quase 3 milhões de filiados em todo o País.
Embora o processo eleitoral da legenda tenha sido considerado um sucesso, um caso ocorrido na Bahia levanta dúvidas sobre o controle das listas dos votantes. Em Lapão (BA), um vereador do PSDB votou na eleição interna do PT no domingo, 6. Ele confirmou a participação no PED à Coluna do Estadão.
Procurado, o diretório do PT municipal negou que ele tenha votado. O PT nacional disse que não comenta. E, abordado sobre fraudes de forma geral, o senador Humberto Costa, que estava no comando do partido em mandato tampão, disse que qualquer suspeita de irregularidade pode ser levada a uma Câmara de Recursos.
Quem autorizou?
O vereador Dida Bento disse que recebeu autorização da presidente municipal do PSDB, Suely Dourado, que é casada com o presidente do PT no município. “A gente votou, sim, porque a gente estava na lista. Eu fui filiado no PT anteriormente”, afirmou Dida Bento.
“Não tem problema nenhum ele ter votado, porque o nome dele estava na lista. Se teve algum erro, foi o PT de ter deixado o nome dele na lista”, declarou a presidente do PSDB de Lapão à Coluna.
Lideranças do PT que conversaram de forma reservada com a Coluna do Estadão disseram que situações como essa, em que ex-filiados votam, costumam ocorrer no Processo de Eleição Direta. Esses petistas ressaltam, contudo, que não veem os casos como fraude deliberada, mas como “desorganização e bagunça”.
Diretor da Fundação Perseu Abramo, Valter Pomar é um dos que costumam reclamar, nos bastidores, da falta de atualização das listas de votação, que diferem entre o que consta no Tribunal Superior Eleitoral e o que está nos diretórios municipais.
Segundo apurou a Coluna, ele soube do caso da Bahia e, inclusive, distribuiu o vídeo da votação do vereador do PSDB, para algumas de suas listas de comunicação. Pomar chegou a reclamar que “se é uma pessoa qualquer, pode ser má fé da pessoa e não do mesário, mas, se é alguém que todo mundo conhece, aí é desfarçatez”. Procurado pela Coluna do Estadão ele não quis comentar.
O que diz o PT?
Durante entrevista coletiva para anunciar os resultados do PED, o senador Humberto Costa, que estava no comando do PT num mandato tampão, foi indagado sobre denúncias de fraudes no PED de forma geral. Ele respondeu que qualquer suspeita de irregularidade pode ser levada a uma Câmara de Recursos. “É óbvio que um processo desses, com meio milhão de participantes, precisa sempre ser aperfeiçoado”, afirmou.
