20 de julho de 2025
Politica

Bolsonaro foi de ‘bom réu’ a posto de ‘iminente foragido’ em seis passos

A escalada da ofensiva do presidente Donald Trump contra o Brasil e as articulações do deputado licenciado Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos, foram o estopim para o Supremo Tribunal Federal (STF) determinar medidas restritivas ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Mas não foram as únicas ações que levam integrantes da Corte a crer que estava sendo pavimentado um plano de fuga.

Pelo menos seis passos já foram percorridos para consolidar essa percepção entre magistrados, levando Bolsonaro da condição de “bom réu” ao de “iminente foragido”, segundo relatos feitos à Coluna do Estadão, por interlocutores do Supremo. Diante deste quadro, a Primeira Turma do STF, responsável por julgar os processos sobre a trama golpista, deve confirmar ainda nesta sexta-feira, 18, as medidas cautelares.

Ministros e assessores do Judiciário apontam os seguintes fatos:

  1. Ofensiva de Donald Trump contra o Brasil, buscando interferir no julgamento da tentativa de golpe no STF
  2. Ações do filho zero três, Eduardo Bolsonaro em várias direções: a confirmação de continuará nos Estados Unidos, ressaltando que o trabalho que está fazendo lá é mais importante do que poderia fazer no Brasil; a indicação de que outras medidas já estão sendo articuladas com o governo americano; e o fato de ele mesmo já ser visto, entre magistrados, como um “pré-fugitivo”, ao se estabelecer no solo americano, buscando uma condição de anistiado.
  3. A fuga da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) e demais bolsonaristas condenados pelas ações no 8 de janeiro e que foram, por exemplo, para a Argentina. Casos que viraram motivo de chacota ao STF, que não consegue extraditá-los.
  4. A forma como a embaixada dos Estados Unidos no Brasil agiu nas últimas semanas, em defesa de Bolsonaro
  5. O episódio em que Bolsonaro passou a noite na embaixada da Hungria
  6. A recente articulação do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que apelou a ministros do STF por passaporte de Bolsonaro, deixando o entendimento de que o temor de Bolsonaro de ser preso estava cada vez mais evidente

De acordo com ministros que conversaram com a Coluna do Estadão, esse último caso teria pesado menos, por repetir um gesto comum ao longo do processo e que fazia com que os ministros vissem Jair Bolsonaro como “um bom réu”. Segundo eles, o ex-presidente buscava com intermediários saídas pacíficas. Mas, sempre que ocorriam essas conversas, eram alertados de que o gesto de apaziguamento não se coadunava com “as ações incendiárias” de Eduardo nos Estados Unidos.

O que disse a Polícia Federal

A Polícia Federal apontou que Bolsonaro tem atuado para dificultar o julgamento do processo que apura a tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022, e disse que as ações poderiam caracterizar crimes de coação no curso do processo, obstrução de justiça e ataque à soberania nacional.

Ex-presidente Jair Bolsonaro sendo conduzido à Polícia Federal, após ação de busca e apreensão em sua residência, em Brasília, nesta sexta-feira, 18
Ex-presidente Jair Bolsonaro sendo conduzido à Polícia Federal, após ação de busca e apreensão em sua residência, em Brasília, nesta sexta-feira, 18

 

 

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