Ação de Eduardo vira tiro na liberdade do pai e estilhaço para demais réus, avaliam criminalistas
A atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) para que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aplique sanções ao Brasil como forma de pressionar o Supremo Tribunal Federal (STF), virou um “tiro” na liberdade de seu pai, Jair Bolsonaro, com estilhaços para os demais réus na ação da trama golpista, na avaliação de três criminalistas ouvidos pela Coluna do Estadão. Para esses advogados, o ambiente ficou tão conflagrado que não há mais possibilidade de redução de penas dos seus clientes no julgamento do 8 de janeiro.
“Eles nem sequer raciocinaram que a premissa de uma chantagem é haver possibilidade de ela ser aceita. Qual chance haveria de o STF se curvar a Trump? ”, indagou um dos advogados, manifestando indignação com os gestos de Eduardo e com o tarifaço de Trump.
Como mostrou a Coluna, desde o final de maio, a fuga da deputada Carla Zambelli (PL-SP) já havia sido apontada como a “pá de cal” na tentativa das defesas dos envolvidos na ação do golpe de amenizar o clima com a Corte. Agora, a escalada das chantagens de Trump com medidas comerciais contra o Brasil aumentou a hostilidade e consolidou o desânimo entre advogados. E Eduardo Bolsonaro deixou claro que não vai baixar o tom. Portanto, o mal-estar vai ser permanente.
Em nota após a operação da Polícia Federal contra Bolsonaro nesta sexta-feira, 18, Eduardo defendeu a pressão de Trump sobre o Brasil. “A decisão (de Moraes) desta vez se apoia num delírio ainda mais grave: acusações construídas com base em ações legítimas do governo dos Estados Unidos, iniciadas logo após o anúncio das tarifas impostas por @realDonaldTrump ao Brasil”, disse, em referência à tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos EUA contra produtos brasileiros.
A defesa do tarifaço gerou até um “bate cabeça” no bolsonarismo. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) chegou a pedir, nas redes sociais, que Trump suspendesse as tarifas, mas depois apagou o post.
A nova investigação da PF que resultou em medidas contra Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica e a proibição de contato com Eduardo, apontou que o ex-presidente incentivou as articulações feitas junto Trump para impor sanções ao governo brasileiro.
Nos bastidores do STF e da Procuradoria-geral da República (PGR) é crescente o entendimento de que Bolsonaro será condenado e preso ainda este ano. Mas, também, que será aceito o pedido da defesa para ele cumpra regime domiciliar por questões humanitárias
