Romeu Zema diz que Eduardo Bolsonaro acabou causando um problema para direita; veja
SÃO PAULO – O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), afirmou em entrevista ao programa Papo com Editor, do Estadão/Broadcast, que o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) criou um “problema” para a direita brasileira ao articular com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a imposição de tarifas de 50% sobre produtos nacionais importados, em uma tentativa de evitar a prisão do pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “Um erro não justifica o outro”, declarou, sobre o impacto da medida e ‘o fôlego’ que ela deu à popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas eleitorais.
Segundo Zema, houve um erro por parte de Lula ao criticar o presidente americano abertamente na cúpula dos Brics no dia 7 de julho e se aliar a países com posturas “antiamericanas”, como o Irã. No entanto, o governador acredita que a medida adotada pelo presidente dos EUA foi severa e penaliza diversas empresas, tanto brasileiras como americanas. Para ele, Trump deveria ter retaliado apenas o governo Lula e não o Brasil.

“Acho que se você tem alguma desavença, deve se reunir particularmente para tratar aquilo. Se o presidente Lula tem algum senão com relação aos Estados Unidos, deveria ter pedido uma audiência e ter ido lá falar: ‘Trump, eu não quero isso, não concordo com isso’, e não ficar falando para o mundo todo. E pior, ainda se aliando a países que claramente são antiamericanos, caso de Cuba, caso de Irã, causando uma proximidade constrangedora”, disse, em crítica ao presidente, complementando: “Acho que houve um erro do presidente Lula com relação a isso, com o grande parceiro comercial do Brasil”.
Para Zema, porém, a reação de Trump prejudica a economia brasileira e o papel de Eduardo Bolsonaro acabou prejudicando a direita brasileira.
“Houve, em minha opinião, um erro também – que não se justifica – do presidente Trump, de penalizar o País. Ele está penalizando inclusive empresas americanas que estão instaladas aqui, empresas brasileiras, brasileiros que exportam para os EUA. E, realmente, a posição que foi adotada não foi a mais correta pelo filho do ex-presidente. Acho que isso acabou causando um problema para a direita. Mas isso vem de todo esse outro contexto, que não sabemos o que é. O presidente americano é totalmente imprevisível”, afirmou.
realmente, a posição que foi adotada não foi a mais correta pelo filho do ex-presidente. Acho que isso acabou causando um problema para a direita
Romeu Zema
Para o governador de Minas Gerais, o Brasil “tem condições de negociar”. “Acho que o presidente americano também tem de ver com seus assessores: se ele está discordando do posicionamento do governo brasileiro, que haja uma ação no sentido de retaliar o governo e não o País, que são entidades distintas, e ele tem como fazer isso. Os exportadores que fabricam aviões, suco de laranja e plantam café não podem ser penalizados devido a uma questão política”, disse.
Na entrevista, o governador de Minas também foi questionado sobre como a direita pode sair disso e se a a iniciativa do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, de tentar abrir canais de negociação seria o caminho correto. Segundo ele, as federações das indústrias, que são as que mais representam o setor atingido, precisam ter um protagonismo. “Sei que já houve reuniões junto com a diplomacia brasileira e o governo, e é preciso fazer uma força-tarefa”, concluiu;
Na conversa, Zema afirmou que esteve recentemente com o ex-presidente Jair Bolsonaro, antes da ação da Polícia Federal que determinou a colocação da tornozeleira eletrônica e da proibição de usar as redes.
“Fui lá me solidarizar com o ex-presidente Bolsonaro em Brasília. Tinha diversos compromissos e fiz questão de ir lá, porque ele foi a Belo Horizonte e eu estava em missão na Ásia e não pude encontrá-lo. Já tinha alguns meses que eu não o via, então fiz questão de ir lá me solidarizar com ele”, disse Zema, reforçando considerar Bolsonaro o criador e maior nome da direita no Brasil. Ele também afirmou considerar Bolsonaro um “perseguido político”.
O governador de Minas ainda reforçou que não tem perfil legislativo e que sempre foi executor, ao ser questionado se foi pedir a “bênção” de Bolsonaro para ser candidato a presidente ou a vice.
Ao ser indagado se vai renunciar em abril para ser candidato, ele afirmou que isso vai ser “decidido em breve pelo partido”, dizendo que tem intenção de fortalecer a legenda. “Já falei para o partido que jogarei aonde for melhor. Quero lembrar aqui que eu não sou político de carteirinha, político profissional. Nós mostramos que é possível consertar o estrago do PT em Minas. O que eu quero é contribuir para o Brasil, ver o Brasil dando certo e ver principalmente a esquerda fora do Brasil”, completou.