26 de julho de 2025
Politica

48% das empresas de ônibus habilitadas pela ANTT não operaram em 2024, aponta anuário inédito

Metade das empresas habilitadas pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para o transporte interestadual de ônibus não operou nenhuma linha no ano passado. Segundo dados inéditos da agência, essas companhias não conseguiram mercados para atuar, em meio à alta concentração no setor. Procurado, o órgão regulador não respondeu.

Em 2024, a ANTT contabilizou 359 empresas habilitadas em todo o País para o serviço de transporte de passageiros. Essas viações atenderam todos os requisitos para operar viagens interestaduais. Desse total, contudo, 173 não operaram linhas no ano passado, o equivalente a 48%. Esta é a primeira vez que a agência divulga essa estatística em seu anuário.

Uma companhia habilitada não faz viagens “por não conseguir mercados”, de acordo com a ANTT no documento. No jargão do setor, mercados são as ligações entre cidades em estados diferentes.

Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)
Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)

Maioria das cidades de São Paulo e Minas Gerais não tem transporte interestadual

Apesar do alto número de empresas de fora do mercado por dificuldades de concorrência, dados da ANTT apontaram que boa parte de São Paulo e Minas Gerais, os dois estados com mais municípios no País, não tem linhas de transporte interestadual.

Em São Paulo, 426 cidades, ou 66% dos municípios paulistas, não são abarcadas por essas rotas. Em Minas Gerais, a taxa é de 59%, com 593 cidades fora do mapa do transporte rodoviário entre estados.

Falta de verba compromete concorrência, diz ANTT

Como mostrou a Coluna do Estadão, um documento interno da ANTT afirmou que bloqueios orçamentários do governo Lula vão comprometer a concorrência no setor e paralisar a implementação do novo marco regulatório de transporte interestadual. O cenário atual é de “comprometimento da concorrência”, afirmou o órgão, que também previu impacto orçamentário na abertura de “janelas extraordinárias” para a entrada de novas empresas no mercado.

O marco regulatório do setor começou a ser posto em prática no ano passado, mas o mercado segue dominado por empresas tradicionais. Para o Ministério Público Federal, o modelo dá “privilégio injustificado” a gigantes do transporte rodoviário de passageiros.

 

 

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