25 de julho de 2025
Politica

Crise com os EUA empurra o Brasil para perigosa escolha 

Representantes de setores da economia que já tiveram conversas nos Estados Unidos em torno do tarifaço têm feito relatos coincidentes. Os americanos não conseguem dizer exatamente até onde querem chegar. E a China é a formidável sombra pairando sobre a crise.

Até onde já se chegou é um bom exemplo da falta de senso estratégico por parte de Donald Trump. Seu ataque a instituições brasileiras equivale a propor um “regime change”. Trazendo até aqui benefícios políticos ao incumbente Lula, além de rachar e isolar setores da oposição ao governo brasileiro.

Presidente americano Donald Trump aplicou tarifa de 50% ao Brasil e tem se recusado a negociar
Presidente americano Donald Trump aplicou tarifa de 50% ao Brasil e tem se recusado a negociar

Os entes privados brasileiros que conversaram em Washington – o governo não tem conseguido falar com ninguém – colocam no topo da motivação da conduta americana a rivalidade com a China. O componente ideológico (leia-se salvar Bolsonaro) também está subordinado a essa prioridade, por ser uma ferramenta de pressão, via tarifas e sanções, sobre um “regime” (o brasileiro) que, aos olhos de Washington, age em conjunto com a China.

Nesse sentido, o primitivismo estratégico de Trump é contraproducente. O presidente americano conseguiu fazer a China parecer um parceiro muito mais confiável e estável do que os Estados Unidos. E isto vale em escala ainda maior para o Brasil, dado o componente altamente ideologizado da política externa de Lula.

Desde o tarifaço há evidências de que a China aumentou sua ofensiva de charme no Brasil. O governo chinês está oferecendo a figuras representativas do agro, por exemplo, garantia de compra de exportações brasileiras e investimentos nos gargalos de logística do setor. Os chineses voltaram a falar na possibilidade do Brasil aderir à Rota da Seda.

No delicado campo da defesa, os chineses oferecem ao Exército brasileiro a compra de armamento pesado, abrindo até mesmo a possibilidade de adquirir tecnologias de emprego de inteligência artificial em veículos de combate. O grande conglomerado industrial de defesa chinês, a Norinco, tem planos para produzir na Bahia, de onde vem o ministro-chefe da Casa Civil.

Ocorre que o Exército acaba de adquirir helicópteros Black Hawk e mísseis antitanque “Javelin” dos Estados Unidos, país com o qual em breve haverá exercícios de treinamento conjunto com a presença de tropas americanas no território brasileiro. Oficiais generais brasileiros literalmente perderam o sono com a possibilidade de que a crise com os Estados Unidos se espalhe para esse setor – evita-se sequer conversar com Lula a respeito.

Por desígnio ou por incapacidade, o governo Lula não tem canais institucionais abertos com os Estados Unidos num momento crucial para os interesses nacionais. Acha que a crise o reelege. Não percebe que o Brasil está sendo empurrado, também com a ajuda do clã Bolsonaro, para uma escolha de Sofia da qual é fundamental escapar.

 

 

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