Roberto Duailibi (*8.10.1935-+18.7.2025)
A humanidade perdeu no dia 18 de julho último um de seus melhores exemplares. Chamava-se Roberto Duailibi e foi uma pessoa extraordinária. Era o “D” da festejada DPZ, que criou em 1968, juntamente com José Zaragoza e Francesc Petit. A DPZ fez história, ganhou o primeiro “Leão de Ouro” para o Brasil, pela campanha “Homem de 40”, que estimulava a contratação de pessoas acima dos quarenta anos.

Duailibi era formado pela Escola de Propaganda de São Paulo desde 1956, passou por várias empresas antes de criar a mais conhecida e celebrada empresa de publicidade brasileira e em 1969 foi eleito “Publicitário do Ano”.
Expansivo, comunicativo, extremamente simpático, tornou-se um dos mais requisitados palestrantes do Brasil. Sempre lecionou e foi diretor de cursos da Escola Superior de Publicidade e Marketing de São Paulo. Atuou como Professor de Criação da ECA-USP, a Escola de Comunicações e Artes e presidiu, por três gestões, a ABAP – Associação Brasileira das Agências de Publicidade.
Ativo partícipe do circuito artístico brasileiro, foi Conselheiro da Fundação Bienal, do Fundo Social de Solidariedade do Governo Paulista e Presidente da FUNCEB – Fundação Cultural Exército Brasileiro. Mecenas, ajudava a inúmeras entidades, carreando recursos que captava junto a amigos seus, pois era um sedutor na persuasão das pessoas a aderirem a boas causas.
Na abertura da Academia Paulista de Letras a cultores de atividades as mais diversas, Roberto Duailibi foi eleito em 2015 para premiar a criatividade, uma expressão cultural de que a literatura não prescinde. No livro com fotos de Márcio Scavone para festejar os 110 anos da APL, Roberto, ocupante da Cadeira 21, escreveu: “Criação exige a prática da liberdade. A pessoa criativa deve primeiro libertar-se a si mesma”. Era extremamente orgulhoso de integrar a Casa de Cultura por excelência dos imortais bandeirantes. Exprimia-se com carinho sobre essa condição: “O sentimento que nos toma ao observarmos o rodízio das cadeiras imortais, a um tempo ocupadas por nomes que ajudaram a construir a vida literária do país, é algo impossível de descrever”.
Sucedeu a Paulo José da Costa Júnior, que sucedera a Odilon da Costa Manso, que por sua vez preencheu a vaga de Leonardo Arroyo. Antes Ibrahim de Almeida Nobre, Plínio Barreto, José de Freitas Vale, Roberto Simonsen e Álvaro Guerra, até chegar ao fundador José Luís de Almeida Nogueira. Duailibi enaltecia esses nomes: “Detalhadamente, cada uma das históricas 40 cadeiras guarda nomes que estarão para sempre, através dos romances, na poesia, nos contos e crônicas, inscritos, indelevelmente, na trajetória literária de São Paulo. Cada qual tem um enredo particular e vida própria, ao mesmo tempo que todas fecham, como numa grande corrente, um modelo de perenização e promoção das respectivas obras, muitas vezes já em ambiente digital. É, para mim, uma honra, um grande orgulho, um prazer inenarrável ter sido um dia escolhido como um dos membros da APL”.
Como escritor, escreveu “Criatividade & Marketing”, com Harry Simonsen Júnior, livro que apresentou o conceito de régua heurística e a relevância de investir na criatividade em todos os setores empresariais. Como leitor voraz, editou coleções de citações, que se chamaram inicialmente “Phrase Book”. Publicou “Cartas a um jovem publicitário”, em parceria com Marina Pechlivanis a coleção “Ideias Poderosas” com seleção temática de citações e uma nova edição de “Criatividade & Marketing”, com versão digital da régua heurística.
Recebeu a honraria da Ordem do Mérito Militar no grau Comendador Especial no ano 2000 do Presidente Fernando Henrique Cardoso e foi promovido a Grande-Oficial em 2003, pelo Vice-Presidente José Alencar.
O convívio na Academia Paulista de Letras durante dez anos, pois tomou posse em 2015, permitiu aos integrantes dessa Casa de Cultura experimentar o elevado grau de comprometimento ético e afetivo de Roberto Duailibi com a Instituição que em 2025 chega aos seus cento e dezesseis anos. Roberto era o primeiro a se propor a financiar eventos, a encontrar patrocinadores para as realizações de uma entidade que não tem renda e inclusive a repor a porcelana e cristais que o tempo se encarrega de fazer desaparecer.
O mecenato generoso, discreto e praticamente anônimo. Os benefícios apareciam, como que por encanto. Gesto altruísta, raramente encontrado nas organizações humanas, em que cada qual só tem olhos para o próprio umbigo. A personalidade exuberante, solidária e própria ao exercício da fraternidade o colocam em categoria ímpar no cenário da imortalidade bandeirante. Foi um privilégio poder chamar Roberto Duailibi de confrade.