28 de julho de 2025
Politica

Delegado diz que demonstrou preocupação com 8/1 e pediu a Torres adiamento de viagem aos EUA

O Supremo Tribunal Federal (STF) realiza nesta quinta-feira, 24, os interrogatórios dos réus dos núcleos 2 e 4 da trama golpista. Entre os réus do núcleo 2, o primeiro interrogado foi Fernando de Sousa Oliveira, delegado da Polícia Federal. Fernando era diretor de operações do Ministério da Justiça. Depois, foi nomeado secretário-executivo da Segurança Pública do Distrito Federal.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa o réu de “omissões dolosas” enquanto secretário-executivo da Segurança Pública do Distrito Federal durante os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023. No depoimento, Oliveira negou ter sido omisso e detalhou o planejamento que fez para o policiamento no dia dos atos de vandalismo.

O ex-secretário executivo disse que discutiu com Anderson Torres, que chefiava a pasta, a possibilidade do adiamento de uma viagem aos Estados Unidos. Apesar do alerta e da preocupação com os atos que vinham sendo convocados para o domingo, 8, Torres manteve a viagem.

Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor do Ministério da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, é réu do 'núcleo 2'  da trama golpista
Fernando de Sousa Oliveira, ex-diretor do Ministério da Justiça e ex-secretário de Segurança do DF, é réu do ‘núcleo 2’ da trama golpista

Segundo a acusação, a delegada da PF Marília Alencar, que era diretora de inteligência do Ministério da Justiça, realizou um projeto em Business Intelligence (BI), uma linguagem de programação, para identificar as regiões com maior incidência de votos em Luiz Inácio Lula da Silva (PT), adversário de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais de 2022.

De acordo com a Procuradoria, o relatório seria utilizado para intensificar o policiamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF) em regiões mais favoráveis ao petista. Fernando Oliveira afirmou não ter participado da elaboração do relatório. “Fiquei sabendo somente quando ela comentou que estava fazendo”, disse o delegado.

Em 13 de outubro, a 17 dias das eleições, Marília trocou mensagens com Oliveira em um grupo do WhatsApp chamado “EM OFF”. “Belford roxo o prefeito é vermelho precisa reforçar pf”, disse Marília. “Menos 25.000 votos no 9”, completou a diretora de inteligência. Oliveira, em resposta, disse que “52 x 48 são milhões 5 de votos para virar”.

Em depoimento, o ex-diretor de operações negou que estivesse se referindo à reversão do resultado eleitoral. Sobre a menção à cidade fluminense, o delegado afirmou que havia sido reportada a ocorrência de crimes eleitorais.

Delegado pediu adiamento de viagem a Torres, mas ex-ministro negou

A PGR acusa Fernando Oliveira de “omissões dolosas” na Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal em janeiro de 2023. O delegado era o secretário-executivo da pasta no período, sob o comando do ex-ministro Anderson Torres. Embora fosse o “número 2″ da secretaria, Oliveira não assumiu o comando do órgão na ausência de Torres, que estava nos Estados Unidos.

Durante o depoimento, Oliveira detalhou as ações que realizou desde a quinta-feira, 5 de janeiro, quando soube de convocações para um ato na Praça dos Três Poderes no domingo, 8. O ex-secretário-executivo afirmou que alertou Anderson Torres sobre a convocação de manifestações. Os secretários discutiram a necessidade de adiamento da viagem de Torres aos Estados Unidos.

“Esbocei (preocupação) e até pedi a reconsideração da viagem”, disse Oliveira, respondendo a um questionamento da PGR. “Ministro, será que não seria (o caso de) adiar dois, três dias ali?“, afirmou o então secretário-executivo ao seu superior.

Apesar do alerta de seu subordinado, Torres manteve a viagem. Segundo o ex-secretário-executivo, que elaborou um planejamento de ações para o domingo, Torres demonstrou confiança nas ações esboçadas e no policiamento do Distrito Federal.

Réus do núcleo 2 da trama golpista

Segundo a denúncia da PGR, os réus do núcleo 2 teriam atuado para espalhar notícias falsas e atacar instituições e autoridades. Além de Fernando Oliveira e Marília, são réus desse núcleo Filipe Martins (ex-assessor de Jair Bolsonaro), Marcelo Câmara (ex-ajudante de ordens), Mario Fernandes (general da reserva do Exército) e Silvinei Vasques (ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal).

 

 

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