‘Livro do Tiradentes’ é analisado pela PF para atestar se anotações são da figura histórica
A Polícia Federal (PF) de Brasília recebeu, em 11 de julho, um livro que deve ser submetido à análise. O item, no entanto, não é uma evidência criminal. A investigação da PF será de cunho histórico e vai analisar se as anotações feitas às margens do exemplar pertenceram ao inconfidente Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes.
O livro “Recueil des Loix Constitutives des États-Unis de l’Amérique”, que reúne as Constituições dos EUA entre 1776 e 1789, pode ter inspirado Tiradentes em sua revolta contra a Coroa Portuguesa. Na obra, escrita em francês, o inconfidente feito anotações das passagens que mais lhe interessavam e, com a ajuda de amigos, traduzido os escritos.

O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) solicitou que Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal faça exames grafológicos por meio do Serviço de Perícias Documentoscópicas (SEP-DOC) e verifique se os escritos pertencem realmente a Tiradentes.
“Se confirmada a autoria das anotações, o valor histórico, patrimonial e afetivo do bem se eleva enormemente, oferecendo novas camadas de entendimento sobre a atuação de Tiradentes e o pensamento iluminista que influenciou a Inconfidência”, diz Alex Calheiros, diretor do Museu da Inconfidência.
Livro proibido passou por várias mãos
Considerada um “livro proibido” em 1792, data da execução de Tiradentes, a obra estava com o inconfidente no momento de sua prisão. O item foi anexado aos atos de devassa, documentos que registravam o julgamento, e citado com influência do grupo que buscava independência.
Após a morte de Tiradentes, o item passou décadas na Biblioteca Pública de Florianópolis até que, em 1980, foi incorporado no acervo do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto (MG).
“Confirmar a caligrafia de Tiradentes neste livro é como escutar sua voz mais uma vez – por meio das margens de uma obra que influenciou uma das mais importantes revoltas contra o domínio colonial”, afirma Fernanda Castro presidente do Ibram.