‘Faria de novo mil vezes’, diz Dallagnol sobre condenação por PowerPoint de Lula
Condenado a indenizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em R$ 135,4 mil por danos morais, o ex-procurador da República Deltan Dallagnol afirmou que “faria de novo mil vezes”. Em comunicado em seu perfil no X (antigo Twitter) nesta segunda-feira, 28, o ex-coordenador da Operação Lava Jato disse que voltaria a “colocar na cadeia e não na Presidência aqueles contra quem surgem fortes provas de corrupção”.
Fui condenado por fazer o que faria de novo mil vezes se eu tivesse mil vidas: colocar na cadeia e não na presidência aqueles contra quem surgem fortes provas de corrupção.
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— Deltan Dallagnol (@deltanmd) July 28, 2025
Na última sexta-feira, 25, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que Dallagnol pague em até 15 dias a indenização por danos morais ao presidente Lula pela divulgação do PowerPoint para ilustrar a denúncia do triplex no Guarujá, em 2016.
Ao decidir pela condenação, a Justiça concluiu que houve “excesso” no detalhamento da denúncia à imprensa e que o ex-procurador ofendeu publicamente a honra e a reputação do petista.

O valor havia sido fixado em R$ 75 mil pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), em 2022, mas foi atualizado com a correção monetária e a aplicação de juros. Segundo a ordem de cumprimento da sentença, expedida pelo juiz Carlo Brito Melfi, caso Dallagnol não cumpra o prazo de pagamento, pode receber uma multa de 10%, além de honorários advocatícios de 10%.
“Fiz a coisa certa, não me arrependo e quem deveria ser condenado são os corruptos e aqueles que lhes garantem a impunidade suprema”, afirmou Dallagnol ao falar sobre a decisão.
Na nota, o ex-procurador ainda agradece “aos mais de 12 mil brasileiros que doaram, sem eu pedir, pequenos valores que somaram mais de meio milhão de reais”. Dallagnol diz que irá pagar a indenização e o excedente será doado para filantropia.
O caso não cabe mais recurso, já que o último apresentado foi rejeitado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em junho do ano passado. No entanto, Dallagnol pode ainda questionar a correção do valor da indenização.
A condenação
Em 2016, Deltan Dallagnol participou de uma entrevista coletiva para o esclarecimento da denúncia relativa ao caso do triplex do Guarujá. Na coletiva, o ex-procurador utilizou uma imagem criada no PowerPoint para apontar Lula como “maestro” e “comandante” do esquema criminoso investigado na Lava Jato.
De acordo com os advogados de Lula, Dallagnol feriu direitos de personalidade do petista em rede nacional de televisão, exercendo um juízo de culpa mesmo antes do início da ação penal, além de trazer acusações que nem sequer faziam parte da denúncia. Ainda segundo eles, a entrevista coletiva foi replicada na mídia brasileira e internacional, ampliando a dimensão do dano à imagem do presidente.
O caso do triplex levou à primeira condenação de Lula na Operação Lava Jato, imposta pelo então juiz Sérgio Moro, com pena inicial de nove anos e seis meses de prisão, pena reduzida para 8 anos, 10 meses e 20 dias. Após ficar 580 dias preso, o petista foi beneficiado por uma decisão do Supremo que reconheceu nulidades e extinguiu as ações contra ele.
Em abril de 2021, o STF declarou a suspeição do ex-juiz federal Sérgio Moro ao condenar Lula na ação do triplex do Guarujá. Os ministros votaram pelo entendimento de que Moro foi parcial no caso enquanto atuava como juiz na 13.ª Vara Federal de Curitiba.
Moro também reagiu à condenação de Dallagnol nesta segunda-feira. Em seu perfil no X, o ex-juiz da Lava Jato afirmou que “o Brasil vive profunda inversão de valores morais”.
Pense em algo absurdo: @deltanmd sendo obrigado a pagar indenização à Lula por danos morais. O Brasil vive profunda inversão de valores morais. Superaremos essa fase sombria. https://t.co/eOhTYavI3w
— Sergio Moro (@SF_Moro) July 29, 2025