Aliados de Bolsonaro criticam Moraes por gesto obsceno no jogo do Corinthians: ‘Isso é postura?’
No mesmo dia em que foi alvo de sanções da Lei Magnitsky, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi à Neo Química Arena assistir ao clássico entre Corinthians, do qual é torcedor, e Palmeiras, pelas oitavas de final da Copa do Brasil.
Acompanhado da esposa, o ministro sorriu, acenou para o público e fez um gesto obsceno com o dedo médio. Nas redes sociais, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) criticaram a atitude do magistrado.

O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) criticou a “postura” de Moraes. “Isso é postura de ministro, sancionado?”, ironizou o mineiro.
Nikolas foi um dos políticos que comemorou a edição da Lei Magnitsky contra Moraes. Segundo Nikolas, as sanções contra o magistrado representam “um marco” nas denúncias contra “abusos de autoridade” no Brasil.
O parlamentar chamou o decreto do governo Trump de “simbólico e contundente”.
Isso é postura de ministro, sancionado? pic.twitter.com/7G5SfmepgR
— Nikolas Ferreira (@nikolas_dm) July 31, 2025
Os filhos do ex-presidente reagiram ao gesto. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que a atitude de Moraes é uma “banana de vale-tudo”.
A banana de Vale-Tudo dos novos tempos. pic.twitter.com/TwxXptCbSn
— Flavio Bolsonaro (@FlavioBolsonaro) July 31, 2025
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), disse ser o “fundo do poço” e a confirmação de que as punições contra o ministro do STF estão corretas. “Que recado para o mundo”, disse o filho “03″ do ex-presidente.
A edição da Lei Magnitsky contra Moraes ocorre após um semestre de atuação de Eduardo nos Estados Unidos. O filho de Jair Bolsonaro é investigado no STF por buscar punições ao País e a autoridades brasileiras como forma de coagir o processo penal contra seu pai, réu por golpe de Estado.
Eduardo comemorou o decreto da Lei Magnitsky contra Moraes e sugeriu a aprovação de uma anistia no Congresso como contrapartida para o fim da investida do governo Trump contra o Brasil.
Juiz da mais alta corte do Brasil. Meu amigo, que fundo do poço….m
Que recado para o mundo, ou melhor, é a confirmação de que @realDonaldTrump, @SecRubio e @SecScottBessent têm razão. pic.twitter.com/NRuMMMbhxA
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) July 31, 2025
A publicação de Eduardo foi replicada pelo irmão Carlos Bolsonaro (PL), vereador do Rio de Janeiro, que ironizou o magistrado: “Isso que é democracia, respeito ao povo e liberdade de expressão!”.
Ao repercutir a edição da Lei Magnitsky contra Moraes, Carlos não foi enfático em favor da medida, mas discorreu sobre regimes autoritários e o direito à expressão.
– Isso que é democracia, respeito ao povo e Liberdade de expressão! Parabéns Deus Moraes! Você sabe que é muito maior que isso tudo! Então vamos de soberania: https://t.co/nMZIJB1sJp
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) July 31, 2025
O senador Eduardo Girão (Novo-CE) criticou Moraes por ser “deselegante e agressivo com torcedores”, enquanto o deputado federal Evair de Melo (PP-ES) afirmou que o gesto “materializa o que virou a Suprema Corte, briga de torcida”. “Como ensinar nossos filhos a terem respeito, bom comportamento vendo esse juiz fazer isso?”, disse o capixaba.
NOSSA CONSTITUIÇÃO NÃO É ENFEITE DE PRATELEIRA:CIDADÃO SERÁ RESPEITADO🇧🇷
Quem me acompanha sabe; sempre tive a postos e articulando p/ votar a favor do impeachment de Moraes. Só eu tenho 3 pedidos contra ele! E embora DITADORES da toga como ele finjam não estarem “nem aí”, o… pic.twitter.com/y3u4hRWD3z
— Eduardo Girão (@EduGiraoOficial) July 31, 2025
Evair de Melo é autor de uma proposta legislativa que beneficiaria Eduardo Bolsonaro. Melo quer alterar o Regimento Interno da Câmara para permitir que um deputado exerça o mandato do exterior.
Diríamos o “fim da picada no ditado popular”. O gesto do ministro do STF materializa o que virou a suprema corte, briga de torcida. Como ensinar nossos filhos a terem respeito, bom comportamento vendo esse juiz fazer isso? Como alguém que é colocado na mesma lista de líderes do… pic.twitter.com/RLo9uyQeoa
— Evair de Melo (@EvairdeMelo) July 31, 2025
Outro parlamentar que sugere uma medida que favoreceria um membro da família Bolsonaro é Bibo Nunes, deputado federal do PL do Rio Grande do Sul. Nunes é autor de um projeto que enfraquece a Lei da Ficha Limpa.
A mudança proposta pelo gaúcho habilitaria Jair Bolsonaro para concorrer à Presidência em 2026. Sobre o gesto de Moraes, Bibo Nunes afirmou se tratar de “motivo cabal” para o impeachment do ministro, por ferir a “liturgia do cargo”. “Postura zero”, complementou o deputado.
Motivo cabal para Impeachment de Moraes!
Falta de decoro, postura e denegrir a liturgia do cargo.
Perante milhares de pessoas um Ministro do STF não pode ofender com atos obscenos de baixo calão. Postura zero.
Mais um motivo para CASSÁ-LO JÁ!!!
Estou pedindo o Impeachment dele no… pic.twitter.com/HM95eA7IfE— Bibo Nunes (@bibonunes1) July 31, 2025
O deputado federal Gilberto Silva (PL-PB) disse que Moraes “está desmoralizando todo o Poder Judiciário do País” e cobrou o Senado, a Casa legislativa que pode instaurar pedidos de impeachment de ministros do STF.
O ministro do STF Alexandre de Morais está desmoralizando todo o Poder Judiciário do país.
Até quando Senado Federal ? pic.twitter.com/nIRPtftQ0Y— Gilberto Silva (@cabogilberto) July 31, 2025
O deputado federal Daniel Freitas (PL-SC) disse que Moraes “se descontrolou”. O parlamentar comparou o gesto com a ocasião em que a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, xingou Elon Musk durante um evento paralelo ao G-20.
Talvez com o intuito de mostrar que “ta tudo bem”, foi no jogo no estádio, recebeu uma bela vaia da torcida do próprio time, se descontrolou e mandou o dedo do meio para as pessoas.
Que crasse. Quase no nível do ‘fuck you, Elon Musk’ da Janja. pic.twitter.com/TygTUpI1uW
— Daniel Freitas (@DFDanielFreitas) July 31, 2025
O governo dos Estados Unidos, comandado por Donald Trump, puniu Alexandre de Moraes com a Lei Magnitsky nesta quarta-feira, 30. O magistrado é a primeira autoridade de um país democrático a ser punida com as sanções previstas na norma, criada para restringir direitos de violadores graves dos direitos humanos, como condenados por tortura, terrorismo, tráfico humano e assassinatos em série.