2 de agosto de 2025
Politica

Bolsonaro só tem uma chance, e ela passa pela união da direita

Jair Bolsonaro não pode se dar ao luxo de ver um adversário vencer a próxima eleição presidencial. Seu futuro pessoal depende disso. A bala de prata que lhe resta é a vitória de um aliado capaz de conceder um indulto presidencial diante da iminente condenação. Se errar o alvo, deixará os inimigos no poder, perderá a última proteção institucional, se tornará passado e verá os filhos envoltos em embates judiciais.

As ações de Eduardo Bolsonaro, nos Estados Unidos, não parecem estar surtindo o efeito desejado: evitar o julgamento do pai ou fazer andar no Congresso uma eventual anistia. A taxação de Donald Trump acabou sendo mais amena do que o previsto, e a Casa Branca já acena para uma negociação.

Além disso, a aplicação da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes e as pressões sobre outros ministros não demoveram o STF de manter os ritos processuais contra o ex-presidente.

Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, ainda tem um capital político forte, mas o que se vê é um fogo amigo cruzado entre lideranças do campo conservador
Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, ainda tem um capital político forte, mas o que se vê é um fogo amigo cruzado entre lideranças do campo conservador

Resta a Jair Bolsonaro um capital político forte, ainda capaz de unir a direita em torno de um nome. Mas o que se vê é um fogo amigo cruzado entre lideranças do campo conservador.

Essa disputa poderá fazer com que a direita vá dividida para as eleições, com um candidato mais radicalizado e outro mais moderado. Uma guerra fratricida, difícil de prever o vencedor, mas que certamente será aproveitada pelo governo para seduzir moderados.

Lula parece ter percebido que esses eleitores serão decisivos e, por isso, tem abrandado o discurso e colocado o vice-presidente, Geraldo Alckmin, como a cara do governo nas negociações com os Estados Unidos. Um político mais identificado com o centro e com um tom apaziguador, que destoa da intensa guerra entre esquerda e direita, a qual grande parte dos moderados tem rejeitado por entender que o país precisa de soluções práticas.

Portanto, a crise com os Estados Unidos, ao contrário do que muitos pensam, reflete principalmente no ambiente conservador. Ao mesmo tempo em que une e dá nova esperança aos bolsonaristas movidos por ideais antissistema, afasta esse grupo de uma agenda concreta de desenvolvimento do Brasil e coloca a guerra contra Alexandre de Moraes acima da defesa da economia brasileira, justamente o tema que mais tem preocupado a população, sobretudo a classe média, afogada em contas.

À medida que o bolsonarismo se fecha em suas utopias, outras lideranças conservadoras se reposicionam, menos arranhadas, mais racionais e com discurso voltado a resultados. E poderão fazer voo solo, com apoio de importantes setores da sociedade.

Na política, não há gratidão. Há cálculo e oportunidade. Bolsonaro ainda tem chance de chegar ao poder por meio de aliados, mas, sem uma estratégia que vá além do tudo ou nada, e sem um candidato capaz de dialogar com o centro, ficará cada vez mais claro que a bala de prata que possui, por enquanto, está sendo apontada para o próprio pé.

 

 

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