2 de agosto de 2025
Politica

Qual o significado das mensagens e dos silêncios na sessão do STF em apoio a Alexandre de Moraes?

Mais do que uma sessão de desagravo a Alexandre de Moraes e à própria Corte, o Supremo Tribunal Federal (STF) deixou claro nesta sexta-feira, 1º, que as punições serão rígidas não apenas aos acusados de tramarem um golpe de Estado, mas também a quem tenta coagir o tribunal a enterrar as investigações.

Em mensagens duras, Moraes e Gilmar Mendes fizeram referência à atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro e do blogueiro Paulo Figueiredo, que articulam com o governo dos EUA sanções aos ministros do Supremo e barreiras tarifárias ao Brasil. Os dois ministros avisaram que “pseudo-patriotas” terão resposta à altura do Judiciário.

O ministro Alexandre de Moraes, que foi defendido pelos pares em sessão de abertura dos trabalhos do STF no segundo semestre
O ministro Alexandre de Moraes, que foi defendido pelos pares em sessão de abertura dos trabalhos do STF no segundo semestre

Nos discursos, os ministros colocaram no mesmo pacote a trama golpista e a tentativa de coação ao Supremo no curso no processo. “O modus operandi golpista é o mesmo”, declarou Moraes.

O ministro também verbalizou o que já havia demonstrado na condução das ações penais sobre a tentativa de golpe: a tentativa de intimidação dos EUA não mudarão o rumo investigações. Segundo ele, todos os acusados serão julgados neste semestre.

Primeiro a discursar, Luís Roberto Barroso fez a defesa institucional do tribunal e enfatizou que os réus serão julgados com base em provas concretas, ”sem qualquer tipo de interferência, venha de onde vier”. Mendes e Barroso elogiaram a atuação de Moraes à frente das investigações.

Depois das manifestações dos ministros, entoaram o coro pró-Moraes o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e o advogado-geral da União, Jorge Messias. A sessão durou mais de uma hora. Não houve tempo para o plenário julgar os processos previamente pautados.

Apesar do apoio efusivo dos colegas, também ecoou o silêncio da maioria no plenário. O microfone estava aberto a todos os ministros que quisessem se manifestar, mas os outros oito integrantes da Corte não fizeram isso.

Nos dias anteriores à sessão, alguns dos ministros que optaram pelo silêncio chegaram a comentar, em caráter reservado, que gostariam de prestar apoio público a Moraes. Na hora da sessão, desistiram.

Lula ofereceu jantar aos ministros STF em solidariedade ao ministro Alexandre  de Moraes. O jantar foi realizado no Palácio da Alvorada, residência  oficial do presidente em Brasília
Lula ofereceu jantar aos ministros STF em solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes. O jantar foi realizado no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente em Brasília

Na noite anterior, todos os ministros do STF foram convidados para um jantar no Palácio da Alvorada com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em um sinal de desagravo a Moraes. Seis compareceram — entre eles, Barroso e Mendes, que se pronunciaram na sessão de hoje, e Flávio Dino, que prestou homenagem ao colega em uma rede social.

Nos bastidores, nem todos os ministros do Supremo estão de acordo com a forma como Moraes conduz as investigações. Ainda assim, apesar de não terem levantado a voz para defender o colega, não o criticam publicamente, em nome da unidade institucional da Corte.

 

 

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