Lula exalta volta de Dirceu defende alianças e diz que tem ‘limite de briga’ com Trump
BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo, 3, que tem um “limite” na briga sobre o tarifaço com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que não pode falar o que “acha que é possível, mas o que é necessário”. O chefe do Palácio do Planalto participa do último dia da programação do 17º Encontro Nacional do PT, em Brasília.
“Tenho limite de briga com o governo americano. Não posso falar tudo o que eu acho que posso. Tenho que falar o que é possível. Tenho que falar o que é necessário”, disse.

Lula defendeu a união do partido e as alianças necessárias para ter uma base de apoio no Congresso. O presidente disse ainda que a sigla precisa “reparar erros” para não cometê-los novamente, e lembrou que o partido só elegeu 70 dos 513 deputados em 2022.
“Se fôssemos bons como pensamos que somos, teríamos eleito 140 ou 150. Mas não é defeito só do PT, é de toda a esquerda”, ressaltou.
Início da corrida de 2026
O encontro político teve contornos de início da caminhada pela reeleição de Lula, em 2026. A disputa do ano que vem foi citada como “a mais importante das nossas vidas” para “consolidação de um projeto civilizatório”.
Formalmente, o evento serviu para a posse do novo presidente do partido, o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva, e para a dos novos presidentes estaduais. Também marcou o retorno do ex-ministro José Dirceu à direção nacional da sigla. Lula disse que essa volta é “extremamente importante”.

Dirceu, que prepara uma candidatura à Câmara em 2026, será um dos 93 membros do diretório nacional e foi um dos mais ovacionados pela militância, com gritos de “guerreiro do povo brasileiro”. Ele voltou a ser considerado elegível em outubro, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou condenação dele na Operação Lava Jato. O ex-ministro discursou na véspera.
Lula também exaltou a presença do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, outro alvo da Lava Jato que teve condenação anulada.
O encontro também contou com a elaboração e a aprovação de um documento com diretrizes partidárias com as bases que guiarão a gestão de Edinho Silva. O texto aprovado tinha um pedido de fim do novo arcabouço fiscal e críticas à formação de frente ampla no Congresso, mas esses pontos acabaram retirados da versão aprovada.

Por outro lado, foi mantida no documento defesa do veto ao projeto de lei que trata de mudanças no licenciamento ambiental. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é crítica da proposta. A tese aprovada ainda expressa o desejo de que o Estado Palestino seja reconhecido pela comunidade internacional e o de que o exército de Israel desocupe Gaza.
No primeiro discurso como novo presidente, Edinho Silva defendeu a união do partido em torno de nova vitória de Lula e disse que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é o “maior líder fascista” da atualidade.
“A reeleição de Lula é mais um passo para defender as forças do nosso país contra o fascismo. O fascismo explícito e o implícito. Temos que derrotas ambos. Estamos enfrentando o maior líder fascista do século XXI, que é Donald Trump”, disse.
O ex-prefeito também afirmou que o partido precisa pensar no pós-Lula, uma vez que a eleição do ano que vem deve ser a última do político que está com 79 anos.
“Na eleição que chega, a gente diz que é a eleição mais importante da nossa vida. Essa, de fato, é a eleição mais importante da nossa vida. Teremos tarefas fundamentais. Temos a responsabilidade de construir o PT quando o presidente Lula não estiver mais nas urnas disputando nosso projeto”, destacou.
Para a reunião nacional, o PT adotou as cores verde e amarelo em sua comunicação visual. A estratégia é uma tentativa de retomar a associação com símbolos nacionais que são explorados como marca bolsonarista.
O PT tem se dedicado a uma estratégia voltada ao aumento da taxação para pessoas com alta renda. A sigla afirma ser uma campanha por “justiça tributária”. Nas redes sociais, o mote da estratégia é a “taxação BBB”, bilionários, bancos e bets.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou do encontro partidário ainda na sexta-feira. Ele disse que as medidas econômicas do governo poupam os mais pobres. “Dessa vez quem vai pagar a conta é o rico no Imposto de Renda e não o pobre no orçamento”, afirmou.
Ex-presidente do PT e ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann afirmou que a família do ex-presidente Jair Bolsonaro prejudicou o Brasil, com o tarifaço imposto por Donald Trump, para buscar uma anistia e que Lula será reeleito em 2026.
Ela ainda se solidarizou com o ministro Alexandre de Moraes, do STF. “Tem sido fundamental no encaminhamento desse processo (da tentativa de golpe) e não tem abaixado a cabeça”, disse.
Presidente do partido durante o processo eleitoral interno, realizado em junho, o senador Humberto Costa (PE) considerou o pleito de 2026 como “a eleição das nossas vidas”. “Temos pela frente uma eleição decisiva, a eleição das nossas vidas. Essa, de todas elas, é a mais importante. Poderá garantir a consolidação de um projeto civilizatório para o Brasil”, disse.
Enquanto a cúpula do PT se reúne em Brasília, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fazem atos em defesa dele e contra o Supremo Tribunal Federal (STF) em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.