5 de agosto de 2025
Politica

Lula exalta volta de Dirceu defende alianças e diz que tem ‘limite de briga’ com Trump

BRASÍLIA – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou neste domingo, 3, que tem um “limite” na briga sobre o tarifaço com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e que não pode falar o que “acha que é possível, mas o que é necessário”. O chefe do Palácio do Planalto participa do último dia da programação do 17º Encontro Nacional do PT, em Brasília.

“Tenho limite de briga com o governo americano. Não posso falar tudo o que eu acho que posso. Tenho que falar o que é possível. Tenho que falar o que é necessário”, disse.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do 17° Encontro Nacional  do Partido dos Trabalhadores (PT), realizado neste domingo em Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou do 17° Encontro Nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), realizado neste domingo em Brasília

Lula defendeu a união do partido e as alianças necessárias para ter uma base de apoio no Congresso. O presidente disse ainda que a sigla precisa “reparar erros” para não cometê-los novamente, e lembrou que o partido só elegeu 70 dos 513 deputados em 2022.

“Se fôssemos bons como pensamos que somos, teríamos eleito 140 ou 150. Mas não é defeito só do PT, é de toda a esquerda”, ressaltou.

Início da corrida de 2026

O encontro político teve contornos de início da caminhada pela reeleição de Lula, em 2026. A disputa do ano que vem foi citada como “a mais importante das nossas vidas” para “consolidação de um projeto civilizatório”.

Formalmente, o evento serviu para a posse do novo presidente do partido, o ex-prefeito de Araraquara (SP) Edinho Silva, e para a dos novos presidentes estaduais. Também marcou o retorno do ex-ministro José Dirceu à direção nacional da sigla. Lula disse que essa volta é “extremamente importante”.

O presidente Lula participa, neste domingo, 3, do 17° Encontro Nacional do PT, em Brasília; o evento, que conta com ministros de Estado, marca a posse do novo presidente nacional da sigla, Edinho Silva
O presidente Lula participa, neste domingo, 3, do 17° Encontro Nacional do PT, em Brasília; o evento, que conta com ministros de Estado, marca a posse do novo presidente nacional da sigla, Edinho Silva

Dirceu, que prepara uma candidatura à Câmara em 2026, será um dos 93 membros do diretório nacional e foi um dos mais ovacionados pela militância, com gritos de “guerreiro do povo brasileiro”. Ele voltou a ser considerado elegível em outubro, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que anulou condenação dele na Operação Lava Jato. O ex-ministro discursou na véspera.

Lula também exaltou a presença do ex-tesoureiro do partido Delúbio Soares, outro alvo da Lava Jato que teve condenação anulada.

O encontro também contou com a elaboração e a aprovação de um documento com diretrizes partidárias com as bases que guiarão a gestão de Edinho Silva. O texto aprovado tinha um pedido de fim do novo arcabouço fiscal e críticas à formação de frente ampla no Congresso, mas esses pontos acabaram retirados da versão aprovada.

O ex-ministro José Dirceu será um dos dirigentes do PT, na gestão de Edinho Silva, e ensaia uma candidatura à Câmara em 2026
O ex-ministro José Dirceu será um dos dirigentes do PT, na gestão de Edinho Silva, e ensaia uma candidatura à Câmara em 2026

Por outro lado, foi mantida no documento defesa do veto ao projeto de lei que trata de mudanças no licenciamento ambiental. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, é crítica da proposta. A tese aprovada ainda expressa o desejo de que o Estado Palestino seja reconhecido pela comunidade internacional e o de que o exército de Israel desocupe Gaza.

No primeiro discurso como novo presidente, Edinho Silva defendeu a união do partido em torno de nova vitória de Lula e disse que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é o “maior líder fascista” da atualidade.

“A reeleição de Lula é mais um passo para defender as forças do nosso país contra o fascismo. O fascismo explícito e o implícito. Temos que derrotas ambos. Estamos enfrentando o maior líder fascista do século XXI, que é Donald Trump”, disse.

O ex-prefeito também afirmou que o partido precisa pensar no pós-Lula, uma vez que a eleição do ano que vem deve ser a última do político que está com 79 anos.

“Na eleição que chega, a gente diz que é a eleição mais importante da nossa vida. Essa, de fato, é a eleição mais importante da nossa vida. Teremos tarefas fundamentais. Temos a responsabilidade de construir o PT quando o presidente Lula não estiver mais nas urnas disputando nosso projeto”, destacou.

Para a reunião nacional, o PT adotou as cores verde e amarelo em sua comunicação visual. A estratégia é uma tentativa de retomar a associação com símbolos nacionais que são explorados como marca bolsonarista.

O PT tem se dedicado a uma estratégia voltada ao aumento da taxação para pessoas com alta renda. A sigla afirma ser uma campanha por “justiça tributária”. Nas redes sociais, o mote da estratégia é a “taxação BBB”, bilionários, bancos e bets.

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou do encontro partidário ainda na sexta-feira. Ele disse que as medidas econômicas do governo poupam os mais pobres. “Dessa vez quem vai pagar a conta é o rico no Imposto de Renda e não o pobre no orçamento”, afirmou.

Ex-presidente do PT e ministra da Secretaria de Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann afirmou que a família do ex-presidente Jair Bolsonaro prejudicou o Brasil, com o tarifaço imposto por Donald Trump, para buscar uma anistia e que Lula será reeleito em 2026.

Ela ainda se solidarizou com o ministro Alexandre de Moraes, do STF. “Tem sido fundamental no encaminhamento desse processo (da tentativa de golpe) e não tem abaixado a cabeça”, disse.

Presidente do partido durante o processo eleitoral interno, realizado em junho, o senador Humberto Costa (PE) considerou o pleito de 2026 como “a eleição das nossas vidas”. “Temos pela frente uma eleição decisiva, a eleição das nossas vidas. Essa, de todas elas, é a mais importante. Poderá garantir a consolidação de um projeto civilizatório para o Brasil”, disse.

Enquanto a cúpula do PT se reúne em Brasília, apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fazem atos em defesa dele e contra o Supremo Tribunal Federal (STF) em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro.

 

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *