Alcolumbre determinou que advogada-geral do Senado acompanhasse Do Val até a PF
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre, determinou nesta segunda-feira, 4, que a advogada-geral do Senado, Gabrielle Tatith Pereira, acompanhasse o senador Marcos do Val (Podemos-ES) à Polícia Federal (PF), onde o parlamentar recebeu uma tornozeleira eletrônica por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Na saída da PF, a advogada-geral do Senado usou uma pasta para tentar evitar que o senador fosse fotografado.
Assim que soube da operação da PF, Alcolumbre determinou que a assessoria jurídica do Senado prestasse amplo apoio ao senador, que foi recebido por policiais federais no Aeroporto de Brasília na manhã desta segunda-feira, 4. Segundo Moraes, Do Val viajou aos Estados Unidos sem autorização e após uma ordem para ter os passaportes apreendidos e bloqueados, sem sucesso. Ainda naquele país, o parlamentar já havia tido as contas bancárias bloqueadas pelo Supremo.
Agora, a Advocacia-Geral do Senado estuda o alcance das decisões de Moraes e se haverá prejuízos graves ao mandato parlamentar. Além da tornozeleira, Moraes ordenou o bloqueio do salário e da verba de gabinete de Do Val, além do recolhimento noturno.
Em sua decisão, o ministro ressaltou que Marcos do Val é investigado por ter divulgado dados de policiais federais responsáveis pelas investigações contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro e ataques às instituições.
Do Val havia pedido ‘intervenção’ urgente de PF e Itamaraty
Como mostrou a Coluna do Estadão, Do Val havia acionado o diretor-geral da PF e o Itamaraty contra decisões do ministro do STF. No último dia 15, antes de viajar aos EUA, o senador protocolou documentos nesses dois órgãos solicitando uma “intervenção” urgente no caso.
No pedido, Do Val informou que havia comprado passagens para os Estados Unidos entre 26 de julho e 3 de agosto. Ele teve os passaportes bloqueados pelo ministro.
PF não conseguiu apreender passaportes do senador
A PF não conseguiu apreender passaportes do parlamentar em uma operação em agosto do ano passado, autorizada por Moraes, que depois ordenou o bloqueio dos documentos de viagem. Na ocasião, a corporação pediu a prisão do senador, o que foi rejeitado pela Procuradoria-Geral da República e pelo ministro.
Senador só soube de negativa de Moraes nos EUA, diz defesa
No mesmo dia em que oficiou o Itamaraty e a PF, Marcos Do Val comunicou ao Supremo e ao Senado que viajaria aos EUA durante o recesso parlamentar. Moraes negou o pedido no dia seguinte, mas a defesa do senador só foi intimada na quinta-feira, 24, um dia depois de o senador pousar em Miami. O ministro bloqueou as contas bancárias do parlamentar depois de ser informado sobre a viagem.
Marcos do Val negou ter fugido do País. “Estou aqui em Orlando curtindo esse recesso com a minha filha que ficou dois anos e meio afastada por conta do meu combate e desmascarar os crimes contra nossa Constituição e democracia”, disse o senador, em um vídeo gravado dentro de um parque de diversões.