4 de agosto de 2025
Politica

Estamos ferrados com autoritarismos trumpista e xandônico se alimentando, e Lula pensando só em 2026

O cronista, sabidamente prolixo, inicia este artigo com um resumo do anterior: a aplicação deturpada, para coagir, da Lei Magnitsky contra Alexandre de Moraes tem a mesma natureza viciada da gestão anômala dos inquéritos de Xandão, infinitos e onipresentes. Em outras palavras: Moraes, criador do Direito, aplicaria a Magnitsky da mesma forma desvirtuada – constante e intimidadora – como Donald Trump, criador do Direito, faz. Em suma: Xandão aplicaria a Magnitsky contra Moraes.

Estacionadas sobre o país, uma alimentando a outra, as naves autoritárias xandônica e trumpista. Nenhuma delas capaz de resolver o nosso problema, senão agravá-lo. A uma, vale tudo para punir o golpista Bolsonaro. À outra, vale tudo para livrar o golpista Bolsonaro.

Lula pensa em 2026 ao tratar do tarifaço, enquanto resposta a autoritarismo de Moraes é intervenção norte-americana para salvar golpista Bolsonaro
Lula pensa em 2026 ao tratar do tarifaço, enquanto resposta a autoritarismo de Moraes é intervenção norte-americana para salvar golpista Bolsonaro

O esquema pervertido é circular. Ao cultivo xandônico do “8 de janeiro permanente”, estado de alerta que tem justificado – em nome da defesa da democracia eternamente ameaçada – censura prévia e prisão arbitrária, a resposta: a instrumentalização trumpista da defesa da liberdade de expressão para baixar a intimidação permanente, a “Magnitsky eterna”, e tentar exercer controle sobre o Brasil.

Em resumo: estamos ferrados.

Resumi para continuar resumindo. Estamos ferrados também porque Lula, que só pensa em 26, continua em sua pregação antiamericana, convencido de que esse discurso lhe reconstituirá a popularidade. O que – dizem – atrapalha as negociações com o governo americano. Atrapalharia, se negociação houvesse. Não há. Atrapalhará, pois, quando houver. Papo reto: não existe, senão na propaganda petista eficiente, o Geraldo “Negociador” Alckmin.

O cronista escreve isso não para desmerecer o vice; antes para registrar que tem memória. Temos. Foi o próprio governo Lula – até ser surpreendido, como todos nós, pelo alívio do tarifaço flexibilizado – que nos informou sobre a inexistência de interlocução com a Casa Branca. E então, de repente, o milagre: o caso do acordo conquistado sem negociação.

Há perigo em acreditar que o que é fortuna (muito obrigado, Senhor!) seja obra da virtude. Não temos juízo. Tivemos alguma sorte. Passa.

Papo-reto de novo: a variação entre tarifas, aliviados alguns setores, foi produto de decisão unilateral americana a partir de lobby dos empresários americanos, ao que se terá talvez somado alguma preocupação com efeitos inflacionários. Questão e solução internas deles, brecha num conjunto de determinações em que a matéria comercial será secundária.

Entender isso é fundamental, porque significa também compreender por qual greta o nosso Negociador, encerrado o café da manhã, poderá avançar; quando (e se) afinal abrirem alguma fenda para diálogo.

Enquanto isso, no mundo real, Geraldo, ministro do Protecionismo e dos Benefícios Fiscais para Rico Ineficiente, celebra que o governo, entre janeiro de 23 e junho de 25, “praticamente dobrou os recursos para a indústria automotiva brasileira”.

 

 

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