Correios têm situação inédita com presidente que pediu demissão e segue no cargo após fim de mandato
Os Correios enfrentam nesta quarta-feira, 6, uma situação inédita: o fim do mandato formal do presidente da estatal, Fabiano Silva, que já pediu demissão ao presidente Lula mas continuará no cargo enquanto o governo não encontra um substituto. A empresa fez há pouco uma atualização na página da Diretoria Executiva, em seu site, informando que o prazo da gestão se prorrogará até que novos integrantes sejam escolhidos.
Em condições normais, o fim do mandato de dois anos do presidente da estatal era apenas uma formalidade, e a recondução era logo decidida pelo Conselho de Administração. Agora, contudo, o colegiado precisaria reconduzir um presidente que já anunciou que deixará o posto, o que seria inviável.

Fabiano Silva entregou a carta de demissão ao Palácio do Planalto em 4 de julho. Como Lula estava na Cúpula dos Brics, no Rio de Janeiro, o documento foi recebido pelo chefe de gabinete do petista. Desde então, o governo não tomou qualquer decisão sobre o substituto e Silva segue no cargo.
Estatal acumula rombo nas contas
O pedido de dispensa de Silva aconteceu em meio a resultados negativos em série nas contas da companhia. O prejuízo da companhia no primeiro trimestre deste ano foi de R$ 1,7 bilhão, o pior resultado para o período da série histórica, iniciada em 2017. No ano passado, o rombo foi de R$ 2,6 bilhões.
Em uma tentativa de contornar a crise, a empresa se comprometeu com a equipe econômica a economizar R$ 1,5 bilhão ainda em 2025. Uma das esperanças de cortar os gastos é o Plano de Desligamento Voluntário, com o qual a empresa prevê economizar R$ 1 bilhão ao ano.
Outra expectativa interna é obter um financiamento de R$ 3,8 bilhões do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), conhecido como Banco do Brics e presidido pela ex-presidente Dilma Rousseff.
Empresa suspendeu licitação de publicidade de R$ 380 milhões
No fim de junho, o Conselho de Administração suspendeu uma licitação de publicidade de R$ 380 milhões ao ano, mas deixou margem para retomar o processo a depender de evolução nas contas da estatal.
O edital para contratação de quatro agências de publicidade gerava controvérsia. Além do rombo bilionário registrado, três agências finalistas da licitação já foram citadas em investigações contra o PT.