10 de agosto de 2025
Politica

Sem espaço no MS, Tebet vira opção da esquerda em SP ou à vice de Lula e recebe acenos do PSB

Trunfo da campanha de Lula (PT) no segundo turno de 2022, Simone Tebet (MDB) passou a ser vista por aliados do presidente como uma peça-chave no tabuleiro eleitoral de 2026. Considerada uma candidata coringa, ela tem despertado interesse de partidos da base, como o PSB, e é cotada para disputar tanto o Senado por São Paulo — onde a esquerda ainda busca um nome competitivo — quanto para compor a chapa presidencial, caso o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) seja alçado à disputa pelo governo paulista. Procurada, a ministra não quis se manifestar.

Hoje, um desejo do PT é que Tebet dispute o Senado por São Paulo. Conforme revelou a colunista da Folha de S.Paulo Mônica Bergamo, Tebet foi procurada por lideranças do partido para discutir o assunto e teria demonstrado interesse. A eleição paulista tem sido pauta recorrente nas conversas do presidente Lula, que reforça a aliados a importância de montar um palanque forte no Estado. Para os correligionários do petista, o bom desempenho em São Paulo garantiu a vitória em 2022.

Como o Estadão mostrou no sábado (2), a esquerda considera três nomes para compor a chapa em São Paulo: o vice Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e o ministro do Empreendedorismo Márcio França (PSB). Contudo, em condições normais de temperatura e pressão, Alckmin deve seguir como vice de Lula, enquanto Haddad pretende permanecer no governo até o fim do mandato e coordenar a campanha à reeleição do presidente.

Assim, Márcio França ficaria como o único nome para disputar o governo paulista, deixando um vácuo na corrida pelas duas vagas ao Senado. O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), recordista de votos no último pleito, seria uma opção, mas o PSOL conta com ele para puxar votos e ampliar a bancada na Câmara.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante audiência pública em três comissões da Câmara
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, durante audiência pública em três comissões da Câmara

Petistas passaram a enxergar Tebet como a única tábua de salvação em São Paulo, onde o bolsonarismo promete montar uma chapa forte. Aliados de Lula afirmam que Tebet teve bom desempenho no Estado e seria o nome mais competitivo na ausência de Alckmin e Haddad. Argumentam ainda que, apesar de integrar o governo, ela mantém uma imagem de política conservadora — embora tenha posições progressistas em temas específicos, o que pode ajudar a conquistar eleitores do interior. Além disso, Tebet é considerada leal a Lula e teria o apoio massivo do PT para disputar a vaga.

Ministra enfrenta impasse no próprio Estado

Além de ajudar o PT a montar uma chapa competitiva, a candidatura ao Senado por São Paulo também resolveria um impasse para a própria ministra, que enfrenta dificuldades para se viabilizar no Mato Grosso do Sul, seu Estado natal.

Embora o governador Eduardo Riedel (PSDB) mantenha boa relação com Tebet — seu marido, Eduardo Rocha, é chefe da Casa Civil do governo sul-mato-grossense —, o tucano resiste a uma aliança com a emedebista em 2026, sobretudo pelo fato de ela estar atrelada ao governo Lula. Para correligionários de Riedel, esse vínculo pesa negativamente em um Estado de perfil conservador, onde Jair Bolsonaro (PL) venceu com 59,49% dos votos em 2022.

Na chapa de Riedel ao Senado, uma das vagas já tem dono: o ex-governador Reinaldo Azambuja, hoje favorito nas pesquisas. A outra deve ser destinada a um partido aliado. Segundo apurou o Estadão, há ressalvas até mesmo dentro do MDB à candidatura de Tebet.

O PT faz parte da base de Riedel e tenta mantê-lo como aliado em 2026. No entanto, como o governador descarta apoiar Lula, é provável que o partido opte por lançar uma chapa própria. O deputado federal Vander Loubet (PT) já se colocou como candidato ao Senado, enquanto o ex-deputado Fábio Trad é cotado para concorrer ao governo pelo PT. Há expectativa de que o senador Nelsinho Trad, que buscará a reeleição, integre a chapa, embora seu nome também seja cogitado por Riedel

Com Azambuja favorito ao Senado e o quadro da esquerda se consolidando, Tebet corre o risco de ficar sem espaço no próprio Estado — o que reforça a possibilidade de uma candidatura por São Paulo.

Mas para disputar o Senado por São Paulo, Tebet precisaria não só transferir seu domicílio eleitoral, mas também mudar de partido. Isso porque, no Estado, o MDB está alinhado ao projeto de Tarcísio de Freitas (Republicanos), seja para sua reeleição ao governo ou para uma possível candidatura presidencial. Se Tarcísio for mesmo disputar o Planalto, o MDB pretende lançar o prefeito da capital, Ricardo Nunes, ao Palácio dos Bandeirantes, com o apoio de siglas de centro e direita.

Petistas têm evitado qualquer gesto que possa ser interpretado como uma tentativa de tirar Tebet do MDB e ressaltam que ela poderia disputar o Senado por São Paulo pelo próprio partido.

“Tebet é muito querida pelo governo e pelo PT e tem feito um excelente trabalho no ministério. Ela é bem-vinda em São Paulo para compor a chapa progressista para uma frente ampla no Estado, inclusive pelo MDB”, disse o secretário Nacional de Comunicação do PT, deputado federal Jilmar Tatto (SP). “A Simone é um nome que tem força em São Paulo. Tem condição de disputar voto. Teve boa votação para presidente e agrega votos no centro. É uma possibilidade, mas não depende do PT”, ponderou o deputado federal Carlos Zarattini (SP).

Nos bastidores, porém, a ministra não descarta uma eventual mudança de sigla. Entre os interessados em filiar Tebet está o PSB, do vice-presidente Geraldo Alckmin.

“A ministra Simone Tebet é um grande quadro da política brasileira e seria uma grande honra tê-la mais próxima do nosso PSB nas próximas batalhas políticas”, afirmou a deputada federal Tabata Amaral, presidente do PSB na capital paulista.

Para o ministro Márcio França, Tebet é um quadro consolidado na política nacional. “Seria ótimo tê-la em São Paulo na disputa nas eleições majoritárias. Ela valoriza qualquer eleição.”

Entre os grupos que defendem a vinda da ministra para São Paulo, estão o Prerrogativas, do advogado Marco Aurélio de Carvalho, e o Frente Ampla, ligado à ex-senadora Marta Suplicy (PT), que retornou ao PT e busca um espaço para a disputa em 2026.

O PT articula a formação de um grupo para analisar cenários estaduais. A ideia é encomendar pesquisas e apresentar os resultados diretamente ao presidente Lula, segundo petistas ouvidos pelo Estadão. Entre os principais pontos a serem discutidos estará exatamente quem são os melhores candidatos para compor o palanque do presidente em São Paulo. A força-tarefa deve envolver nomes como Edinho Silva, presidente nacional do partido, e o ex-ministro José Dirceu.

 

 

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