Do que PL e bolsonaristas serão capazes quando, e se, Jair Bolsonaro for condenado? Outro 8/1?
Depois que vândalos saíram do entorno do Quartel General do Exército para violar e depredar as sedes dos Três Poderes, no fatídico 8 de Janeiro, agora são os vândalos do próprio Congresso que invadem os plenários, tomam de assalto as cadeiras dos presidentes da Câmara e do Senado e horrorizam o País, em cenas deploráveis contra o Parlamento e a democracia. Do que serão capazes quando, e se, Jair Bolsonaro for condenado à prisão definitiva?
O Brasil está sob ataque externo e interno, depois de ter sobrevivido, mais unido e mais forte, a um golpe de Estado que começou a ser articulado ainda nas eleições de 2018 e ganhou corpo ao longo do mandato de Bolsonaro, com cooptação de militares e intervenção em instituições, em meio a planos, minutas e trocas assustadoras de mensagens. Quanto mais perto da eleição, mais o golpe se tornava real, concreto. A democracia, porém, venceu.

Lula e Geraldo Alckmin, os vitoriosos, não foram assassinados, não foram presos, e tomaram posse, exercem o poder que o povo lhes concedeu e estão sujeitos à vigilância e às críticas da mídia, da sociedade e da oposição. Alexandre de Moraes, líder da resistência, também não foi assassinado, não foi preso, e continua fazendo o que lhe cabe, de fato e de direito, à frente do julgamento dos que tentaram o golpe.
A tensão, porém, nunca se dissipou e, diante da forte possibilidade de condenação de Bolsonaro, golpistas voltam a dar sinais de estarem prontos para fazer “tudo o que seu mestre” mandar, ou quiser, como em 2022 e 2023. Mais uma vez, o alvo principal é o Supremo, e o inimigo número um, Alexandre de Moraes.
Enquanto Donald Trump se mete onde não foi chamado e julga ao seu bel prazer o estado democrático de direito no Brasil, parlamentares brasileiros vão na onda dele contra a democracia, o STF, o relator do julgamento. Em vez de defenderem o Brasil do ataque externo, apoiam o ofensor. As investidas de Trump e a invasão dos plenários têm a mesma origem e o mesmo objetivo: trocar o interesse nacional pelo interesse de um único cidadão – Jair Bolsonaro.
Com 50% de tarifas a produtos brasileiros e a Lei Magnitsky contra Moraes para exigir o “fim imediato” do processo contra o ex-presidente, Trump abriu caminho para o PL e bolsonaristas agirem no Congresso pela anistia aos golpistas e o impeachment do ministro do STF. Ao determinar a prisão domiciliar do ex-presidente, Moraes deu o gás que eles precisavam para ameaçar a democracia novamente.
A maior vítima da ação do PL, que teve apoio do PP e do União Brasil (triste fim do PFL e do DEM…), foi a autoridade do presidente da Câmara. O vídeo de Hugo Motta, com um sorrisinho sem graça, tentando furar o bloqueio dos vândalos para sentar na própria cadeira, diz muito do atual Congresso, do perigo que ronda as instituições e do quanto o comando da Câmara é fraco, frágil.
Em sendo assim, quem lidera a resistência? Mais uma vez, Alexandre de Moraes, que não pode reagir com o fígado, e, sim, com a razão, por vários motivos, inclusive para não contrariar seus próprios aliados naturais, dentro e fora STF. Ainda mais agora, quando a embaixada americana avisa que “está monitorando de perto” quem o apoia. Trata-se de uma ameaça direta aos demais ministros da Corte, em mais um ultraje, um insulto dos EUA contra a soberania nacional.