8 de agosto de 2025
Politica

Escultura de Burle Marx prevista por Niemeyer no projeto de Brasília é inaugurada por Lula; veja

BRASÍLIA — O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, inauguram nesta quinta-feira, 7, uma escultura do paisagista Roberto Burle Marx, na fachada do Palácio da Justiça, sede do ministério. Ela é intitulada “Em Processo”.

A obra ajuda a completar o palácio desenhado pelo arquiteto Oscar Nienmeyer, uma vez que o projeto original previa uma obra de arte vinculada à fachada do Palácio da Justiça, assim como há nos outros palácios: do Itamaraty (sede do Ministério das Relações Exteriores), do Supremo Tribunal Federal e da Alvorada.

Escultura “Em Processo”, do paisagista Roberto Burle Marx, na fachada do Palácio da Justiça
Escultura “Em Processo”, do paisagista Roberto Burle Marx, na fachada do Palácio da Justiça

No Itamaraty, o “Meteoro”, de Bruno Giorgi, foi instalado na década de 1960 no espelho d’água da fachada principal — simboliza os continentes em diálogo, flutuando sobre as águas. Já “As Banhistas”, de Alfredo Ceschiatti, compõe a fachada da residência oficial do presidente da República. Construído por último, o Palácio da Justiça nunca recebeu a escultura prevista por Nienmeyer.

A instalação de uma obra de Burle Marx conversa com o Palácio da Justiça, inaugurado em 1972 com paisagismo do artista e dois parceiros, José Waldemar Tabacow e Haruyoshi Ono. Os jardins interno e externo abrigam dezenas de espécies de plantas.

Escultura “Em Processo”, do paisagista Roberto Burle Marx, na fachada do Palácio da Justiça
Escultura “Em Processo”, do paisagista Roberto Burle Marx, na fachada do Palácio da Justiça

Ao assumir o ministério, no começo de 2024, Lewandowski instituiu a Comissão Consultiva de Curadoria para orientar a recuperação, o restauro e a modernização do patrimônio do Palácio da Justiça. Uma das prioridades do grupo foi tentar reforçar o diálogo com o Palácio do Itamaraty, erguido do outro lado da Esplanada de forma espelhada, com a inserção de uma escultura nos jardins de sua fachada principal.

“Com base em pesquisa histórica e apuração de diretrizes de Oscar Nienmeyer para os palácios, foi proposta uma solução que reforçasse a presença de Burle Marx no Palácio da Justiça”, diz o ministério.

Os especialistas escolheram uma escultura abrigada no Sítio Roberto Burle Marx, no Rio de Janeiro, cuja área abriga uma importante coleção de plantas tropicais e semitropicais. O sítio em Pedra de Guaratiba, no Rio de Janeiro, foi reconhecido em 2021 como patrimônio mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). O jardim tropical foi o 23º bem brasileiro agraciado com a honraria. A classificação é concedida a lugares considerados de valor universal importante para a cultura mundial.

Paulista de família pernambucana, Burle Marx, morto em 1994 aos 84 anos, passou a maior parte da vida no Rio e morou mais de 20 anos no sítio. O paisagista é conhecido especialmente por ter introduzido ao modernismo o uso de plantas nativas brasileiras, criando o que se chama de paisagismo tropical moderno.

A obra chegou a Brasília em junho e foi instalada no jardim externo do palácio, entre a segunda e a terceira queda-d’água, “de modo a se integrar de forma harmoniosa, tanto em relação ao edifício, quanto à concepção paisagística proposta pelo escritório Burle Marx”, segundo orientação da comissão do ministério.

A grande contribuição de Burle Marx ao paisagismo consistiu em valorizar a flora nativa brasileira, sendo pioneiro, ainda nos anos 1970, na defesa da biodiversidade e na denúncia de crimes ambientais.

Escultura “Em Processo”, do paisagista Roberto Burle Marx, na fachada do Palácio da Justiça
Escultura “Em Processo”, do paisagista Roberto Burle Marx, na fachada do Palácio da Justiça

“Além da participação de Burle Marx na concepção dos jardins dos palácios Itamaraty e da Justiça, a presença de uma escultura do artista na Esplanada dos Ministérios reforça sua importância para Brasília e destaca seu papel central na interseção entre arquitetura, arte e natureza”, diz o ministério.

“O significado da escultura ‘em processo’ na capital federal transcende os aspectos estéticos. Em um momento marcado por desafios ligados à sustentabilidade e à preservação ambiental, a obra de Burle Marx ganha relevância renovada. A escultura confirma Roberto Burle Marx como intérprete fundamental do Brasil. Um artista que refletiu sobre arquitetura, arte, ecologia e história, deixando-nos um legado que dialoga com os desafios contemporâneos”.

 

 

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