Esparadrapo, corrente e bebê: assista como foram as mais de 30 horas de obstrução no Congresso
A obstrução da oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Congresso teve fim após mais de 30 horas, no final da noite desta quarta-feira, 6. Os congressistas, que impediram fisicamente que os trabalhos legislativos iniciassem nesta terça-feira, 5, após o recesso parlamentar, tinha como exigência que três projetos fossem pautados pelos presidentes das Casas, o da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e o do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP).
Para impedir que os presidentes iniciassem as sessões, os aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) literalmente obstruíram as Mesas Diretoras, chegando ao ápice de se acorrentarem às cadeiras para impedir que fossem retirados.
Um dos casos emblemáticos do motim que só teve fim na quarta-feira, 6, foi a deputada bolsonarista Julia Zanatta (PL-SC), que permaneceu com a filha Olívia, bebê de quatro meses, e a amamentou na cadeira da presidência, no momento em que as tensões no plenário aumentavam, com a ameaça de intervenção da polícia legislativa.
O caso ocorreu após os bolsonaristas saberem que Motta anunciou que a sessão iniciaria 20h30, e que em caso de impedimento, poderia sancionar os amotinados com seis meses de suspensão.
Os congressistas aliados ao ex-presidente protestavam contra a prisão domiciliar decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), após Bolsonaro descumprir medida cautelar no domingo, 7. Os senadores, que pedem a abertura de um processo de impeachment contra o magistrado, taparam as bocas com esparadrapos simbolizando a “censura” que dizem sofrer da Suprema Corte, em especial de Moraes.
Outro caso que viralizou nas redes foi do deputado federal José Medeiros (PL-MT), que tapou, além da boca, os olhos e os ouvidos com fita adesiva.
Após o funcionamento das Casas ser normalizado, nesta quinta-feira, 7, oposição e o Centrão passaram a negociar a votação de um pacotão de blindagem dos parlamentares, que recebeu o nome de “pacote de defesa das prerrogativas”.
Entre eles, está a PEC da Blindagem, que dificulta prisão de deputados e senadores, o fim do foro privilegiado, e o projeto de lei que permite julgamento em casos contra deputados apenas em sessão presencial do STF.
No final da manhã desta quinta-feira, 7, Motta disse que nada foi negociado para reassumir a cadeira de comando da Casa no plenário no dia anterior. Poucas horas depois, entretanto, confirmou que de fato há descontentamento do Centrão com medidas do Supremo e que, havendo maioria entre deputados, essas propostas podem entrar em pauta.