15 de agosto de 2025
Politica

Eduardo Bolsonaro jogou Motta, Alcolumbre e Centrão contra o novo golpe

Assim como Donald Trump quer dominar o mundo, mas empurra países e blocos para a órbita da China, Eduardo Bolsonaro tenta controlar o Congresso, mas jogando os presidentes da Câmara, Hugo Motta, e do Senado, Davi Alcolumbre, no colo do presidente Lula. Guardadas as devidas (e óbvias) proporções, Trump e o 03 confirmam que têm, pelo menos, três problemas em comum: ódio, megalomania e falta de estratégia. Agem por impulso, com o fígado.

A guinada de Motta é evidente. Antes, cauteloso com as palavras e o tom, para se equilibrar entre oposição e governo e ter apoio e suporte do Centrão, que é quem manda no Congresso, Motta passou a assumir posições claras, sem papas na língua, após as chantagens de Eduardo Bolsonaro pelas redes sociais e, principalmente, depois da invasão bolsonarista no plenário, com o sequestro de sua própria cadeira.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a solenidade em que participaram os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a solenidade em que participaram os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara, Hugo Motta

É esse “novo Motta” que “não vê clima para anistiar quem planejou matar pessoas” e não apenas desconsidera por em pauta qualquer projeto para livrar a cara de Jair Bolsonaro como assume ostensivamente que confia nas provas e sabe — como qualquer pessoa — que a trama golpista para evitar a posse de Lula foi real, a ponto de incluir o plano de assassinar Lula, Geraldo Alckmin e o então presidente do TSE, Alexandre de Moraes. Um plano, aliás, impresso no Planalto e levado dali diretamente para o Alvorada.

Além disso, Motta defendeu que a Corregedoria seja “firme” contra os líderes do motim na Câmara e divulgou a pauta sem anistia e também sem fim do foro privilegiado (uma isca do PL para atrair o Centrão). Mas o principal são seus sucessivos recados para Eduardo Bolsonaro, numa linha que significa: “Não tenho medo de você”, ou, coloquialmente, “não vem que não tem”.

Segundo o presidente da Câmara, o 03 morar nos EUA é “incompatível com o mandato”, porque “não existe mandato à distância”, e mais: a atuação do quase ex-deputado no exterior “traz danos ao País”, “não é razoável” e “ninguém pode concordar”. Sim, ninguém pode concordar com a ação antipatriótica de quem quer que seja, muito menos de quem é representante do povo. Logo, quem há de discordar de Hugo Motta?

Os ataques e ameaças de Eduardo Bolsonaro são a Hugo Motta e a Alcolumbre, que não são “apenas” presidentes da Câmara e do Senado, com a caneta e a pauta nas mãos, mas também líderes legítimos do Centrão. Com eles e o Centrão, o PL e os bolsonaristas são uns; sem, são outros, muito diferentes. A aposta é que, como resistiu ao golpe de Bolsonaro com militares, o Congresso também resista ao novo golpe do mesmo Bolsonaro, agora com EUA e Trump. Que assim seja.

 

 

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