Sargento da PM é preso ao enviar R$ 10 mil ao TJ de Mato Grosso usando nome do presidente da Corte
Especial para o Estadão – O segundo-sargento da Polícia Militar de Mato Grosso, Eduardo Soares de Moraes, foi preso em flagrante na manhã de quarta-feira, 13, por associação criminosa e falsidade ideológica. Segundo a Polícia Judiciária Civil, ele enviou um envelope com R$ 10 mil ao Tribunal de Justiça de Mato Grosso se passando pelo presidente da Corte, desembargador José Zuquim Nogueira.
Eduardo disse à polícia que a entrega foi feita a pedido de Laura Kellys, companheira do sargento Jackson Pereira Barbosa, que está preso no Batalhão de Rondas Ostensivas Táticas Metropolitanas (Rotam). Jackson é acusado de envolvimento na morte do advogado Renato Gomes Nery, assassinado em 5 de julho de 2024, em Cuiabá.
A ação foi descoberta na noite de terça-feira, 12, quando um motorista de aplicativo aceitou uma corrida partindo do Fórum Cível e Criminal de Cuiabá até o Tribunal. O passageiro seria, supostamente, “José Zuquim Nogueira”, nome e foto usados pelo suspeito em um perfil falso no aplicativo.

O motorista contou que recebeu o envelope de um homem em um Toyota Corolla prata, acompanhado de uma mulher de cabelos pretos. No trajeto, desconfiou da situação e acionou a segurança do Tribunal de Justiça. Ao abrir o pacote, foram encontradas cédulas de R$ 200, R$ 100 e R$ 50, totalizando R$ 10 mil.

Ainda não há explicação oficial para o envio da quantia. O caso, no entanto, levanta suspeitas de ligação com a morte de Renato Nery, que foi baleado na cabeça na calçada do próprio escritório. Ele chegou a ser socorrido e passou por cirurgia, mas não resistiu.
Durante as investigações, policiais revistaram a cela onde Jackson está preso e encontraram um celular, que será periciado.

Reação do presidente do TJMT
O desembargador José Zuquim Nogueira gravou um vídeo relatando o episódio. Ele disse que o motorista foi até a guarita do Tribunal com o envelope, aguardou por quem faria a retirada e, diante da ausência de qualquer pessoa, apresentou o pacote a um policial militar que fazia a segurança do prédio.
Segundo Zuquim, a major PM responsável pela segurança verificou o celular do motorista e constatou que o remetente, no aplicativo de mensagens, aparecia como ‘José Zuquim Nogueira’, com foto do magistrado.
“Isso me surpreendeu muito, me deixou estarrecido e eu disse então para verificar o que havia. E lá já me deparei com a coordenadoria militar do nosso tribunal, que já havia tomado algumas providências para identificar quem havia e entregue esse dinheiro ao motorista de aplicativo (…) Tudo isso merece uma investigação a miúdo para se chegar à verdade dos fatos”, afirmou Zuquim.
A Polícia Civil segue apurando a motivação e as conexões do caso.