17 de agosto de 2025
Politica

Em vez de adultizar as crianças, que tal adultizar Suas Excelências no Congresso?

O influenciador Felca fez um enorme bem ao País ao unir a sociedade, o Congresso, o Planalto, esquerda e direita, governo e oposição em torno de um tema de importância transcendental: o futuro. Falo aqui da segurança das crianças e adolescentes de hoje e amanhã, num mundo dominado por big techs e redes sociais sem regulamentação e responsabilidades.

O real teste da união em torno da proteção dos pequenos e pequenas, porém, começa nesta semana, quando o presidente da Câmara, Hugo Motta, reúne os líderes partidários para discutir a pauta de votação e a inclusão de projetos que tratam da sensualização e adultização precoce. É aí que a porca torce o rabo.

Congressistas têm desafio de encontrar solução conjunta para regulamentação que coíbe a adultização infantil
Congressistas têm desafio de encontrar solução conjunta para regulamentação que coíbe a adultização infantil

Se todos concordam que é urgente criar mecanismos para proteger a saúde física e mental de crianças e adolescentes dos ataques e da cooptação pela internet, essa união se desfaz quando o debate entra nos detalhes, sobre quem, como e o quanto, terá deveres e poderá ser responsabilizado e punido por abusos.

A racionalidade cede à polarização do País, alvo de Donald Trump sob pretextos caluniosos de censura, ofensas aos direitos humanos e até ditadura — e a duas semanas do início do julgamento do golpe. Esquerda, centro e entidades ligadas a crianças e adolescentes, como Alana, defendem o projeto do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), aprovado no Senado e com parecer do deputado Jadiel Alencar (Republicanos-PI) na Câmara.

Os bolsonaristas, porém, já começam a jogar no ar os pretextos de Trump a favor das big techs: “o governo quer calar a oposição”, “a esquerda quer censura”, “o alvo é a liberdade de expressão nas redes”. E, quando o chefe da Casa Civil, Rui Costa, anunciou que vai enviar um projeto para regular as redes, piorou. O novo discurso é que “Lula quer surfar na onda Felca”.

O risco é de outra urgência brasileira ser engolida pela polarização lulismo X bolsonarismo e não há Felca que dê jeito. Ele já conseguiu expor a gravidade da questão e agilizar a prisão de Hytalo Santos. Que seja a primeira de muitas! Mas não está a seu alcance convencer o Congresso de que os direitos das crianças supera o das plataformas.

E aí? Fechar os olhos para a pedofilia e o uso de inteligência artificial (IA) para sensualizar imagens de crianças para criminosos? E os jovens que se automutilam, são cooptados por bets e estranhos e têm seu futuro comprometido? Exigir responsabilidade e mecanismos das plataformas para prevenção, alerta e ação não é defender censura, é criar direitos, deveres e respeito à cidadania.

Em vez de “adultizar” negativamente nossas crianças, precisamos “adultizar” positivamente os legisladores que nós elegemos.

 

 

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