5 de outubro de 2025
Politica

A revolução da IA e o papel dos governos na nova economia

A revolução da inteligência artificial não é apenas mais uma onda tecnológica; é um processo profundo que, diferentemente da revolução digital iniciada nas garagens do Vale do Silício, deverá ser conduzido sobretudo pelos governos. Isso porque seus impactos ultrapassam a lógica de mercado e tocam dimensões centrais da vida em sociedade: direitos fundamentais, políticas públicas, segurança da informação e a própria estrutura democrática. A inteligência artificial demanda escala, coordenação e confiança coletiva, e é por isso que o papel do Estado será decisivo. Quando o governo assume a dianteira, tem a capacidade de criar regras coerentes com o momento, que não engessem a evolução da tecnologia, mas que ao mesmo tempo ofereçam garantias a quem não deseja expor seus dados pessoais.

É importante reconhecer que a preocupação com vazamentos e privacidade não começa com a IA. Há décadas vivemos em meio ao legado do marketing digital, dos cookies, das redes sociais e da digitalização de serviços baseada no perfilamento dos usuários. O footprint digital das pessoas já é extenso e o que muda agora é a capacidade de inferência dos modelos. Por isso, não se trata de imaginar que a IA vá inaugurar uma nova era de insegurança, mas de compreender que estamos apenas elevando o nível do debate. A promessa não pode ser de que não haverá mais vazamentos — até porque riscos sempre existirão — mas sim de que eles não decorrerão do uso da IA em si, e de que adotaremos práticas sólidas de governança, anonimização, consentimento e transparência para que cada cidadão saiba de que forma seus dados são utilizados e possa decidir se deseja ou não compartilhá-los.

A transformação em curso também deve ser vista sob a perspectiva econômica. As projeções de crescimento global atreladas à adoção da inteligência artificial apontam para uma aceleração comparável às maiores revoluções da história, como a industrial. Estimativas indicam que a economia mundial poderá expandir-se em vários pontos percentuais adicionais por década graças ao aumento de produtividade e à criação de novos setores baseados em inteligência artificial. Isso significa que países e cidades que conseguirem estruturar políticas públicas modernas e regulamentos inteligentes estarão mais bem posicionados para capturar esse valor, enquanto os que se prenderem a uma dialética de narrativas vazias, sem base em dados, correm o risco de ficar para trás. A democracia, como a conhecemos, terá de se reinventar para acompanhar essa evolução. Continuar presa a debates superficiais, pautados apenas por retórica política, será insuficiente diante de uma sociedade em que decisões complexas serão cada vez mais informadas por análises baseadas em dados massivos. O desafio será atualizar o próprio funcionamento democrático para que ele incorpore inteligência artificial de maneira ética, transparente e participativa, sob pena de perder relevância frente à velocidade do mundo real.

Nesse cenário, São Paulo tem uma oportunidade singular. A Prodam já está na linha de frente, utilizando inteligência artificial internamente para otimizar processos, apoiar servidores e oferecer respostas mais rápidas à população. Estamos implementando soluções concretas, desde assistentes inteligentes para acesso a serviços até sistemas de análise preditiva que ajudam a reduzir filas, planejar recursos e melhorar a experiência do cidadão. Ao mesmo tempo, atuamos na criação de padrões técnicos e contratuais que exigem segurança e transparência de fornecedores, elevando a régua para todo o ecossistema. A ideia não é burocratizar a tecnologia, mas libertar tempo do servidor para atividades de maior valor e dar ao cidadão acesso mais ágil e eficiente a políticas públicas.

O que está em jogo é muito mais do que inovação tecnológica; trata-se de definir como a sociedade do futuro vai se organizar em torno da inteligência artificial. A revolução já começou, e quem souber equilibrar ambição e responsabilidade sairá na frente. O governo tem a chance de ser o catalisador dessa transformação, garantindo que os benefícios econômicos e sociais sejam amplos e inclusivos. Em São Paulo, a Prodam mostra que isso é possível: inovar sem medo, mas com responsabilidade; avançar com coragem, mas com segurança; e acima de tudo, colocar o cidadão no centro da revolução que já está redesenhando o mundo.

 

 

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