Empresário ligado a corrupção em São Bernardo diz à PF que R$ 1 milhão veio de ‘pequenas vendas’
Uma das maiores apreensões de dinheiro vivo da Operação Estafeta, que levou ao afastamento do prefeito de São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, Marcelo Lima (Podemos), ocorreu em endereços ligados ao empresário Caio Henrique Pereira Fabbri, dono da Quality Medical, distribuidora de remédios e material hospitalar que mantém contratos milionários com a prefeitura. Havia R$ 215 mil na casa dele e R$ 946 mil na sede da empresa. O Estadão busca contato com a defesa.
Em depoimento à Polícia Federal, Fabbri alegou que o dinheiro foi juntado ao longo de dois anos com a venda de peças de carro. Segundo o empresário, um de seus hobbies é participar de competições de automobilismo e muitas peças que compra acabam sendo revendidas. As transações, de acordo com o depoimento, ocorrem em espécie. Ele disse não ter recibo nota fiscal das compras nem comprovantes das vendas. Fabbri declarou ainda que guarda o dinheiro em casa porque tem uma casa em reforma e faz pagamentos em espécie aos pedreiros.











O empresário também foi questionado sobre os valores apreendidos na sede da Quality Medical. Segundo Fabbri, a quantia tem como origem pagamentos em espécie “referentes a pequenas vendas”. Ele justificou que usa o dinheiro para pagar uma outra obra, de um prédio que está sendo construído com a família, e também comissões de funcionários e fretes. Novamente, alegou não ter comprovação da origem do dinheiro apreendido.
Fabbri disse que “não tem muito controle sobre a declaração desses valores, que teria que ver com a contabilidade”, e não soube informar se a quantia foi declarada à Receita.
O empresário foi preso em flagrante na Operação Estafeta e denunciado nesta segunda-feira, 19, por suspeita de corrupção ativa, lavagem e organização criminosa. Ele é réu em outro processo, de improbidade, derivado da Operação Prato Feito, que investigou suspeitas de desvios de verbas da merenda em três Estados.